Acelerada, economia do Nordeste atrai grandes empreendimentos
Os empreendedores do setor de shopping centers seguem com rigor a indicação das pesquisas de mercado e essas, atualmente, têm apontado a direção Nordeste como o rumo certo para bons negócios. A ampliação do poder de compra das classes C e D combinada com a maior capacidade de atração de indústrias são fatores que têm acelerado a economia nordestina, com efeito palpável no comércio.
Publicado 25/11/2009 13:28
“Estamos registrando taxas de crescimento de vendas com índices chineses”, diz Sérgio Gomes, do grupo cearense North Empreendimentos. “Em maio de 2009, os shoppings venderam 18% a mais do que no mesmo mês do ano anterior. Em junho essa taxa foi de 16%. Na média do ano, estamos com crescimento de 8% e isso pode ser superado se o Natal ficar dentro das expectativas”, afirma. O grupo administra, atualmente, três shoppings na região metropolitana de Fortaleza.
Para o presidente do Grupo JCPM, João Carlos Paes Mendonça, que comanda uma das mais bem-sucedidas carteiras de shoppings do Nordeste, esse aquecimento é resultado, também, do trabalho desenvolvido pelos empreendedores e lojistas nos últimos anos. “Hoje temos um setor mais profissionalizado, que utiliza as ferramentas de marketing com eficiência e oferece para o consumidor o que há de melhor no segmento de shoppings. Por isso, não ocorreu desaceleração nesse segmento no Nordeste em função da crise, e nós continuamos a crescer”, diz o empresário.
O presidente da Associação dos Lojistas de Shoppings do Estado do Ceará (Alshop), Abílio do Carmo, diz que os números são bons e vão ficar ainda melhores. “Eu não tenho dúvida sobre o potencial de crescimento de shoppings no Ceará e também em outros Estados do Nordeste. A classe C, que sempre foi muito grande na nossa região, melhorou de vida e foi às compras. E os shoppings são a melhor opção, porque são modernos, concentram muitas lojas e oferecem lazer”, analisa o dirigente. De acordo com ele, ainda há potencial para a instalação de novos empreendimentos na Grande Fortaleza, principalmente nos municípios de Eusébio e Aquiraz. “Os lojistas estão prontos para investir. É só abrir o shopping”, garante.
O sucesso dos shoppings nordestinos impulsiona novos investimentos nas capitais e também em algumas cidades do interior e do litoral. Entre 2009 e 2012 serão inaugurados ou expandidos mais de dez, incluindo dois de grande porte que serão âncoras da criação de bairros em Salvador e São Luis. Sobre a oportunidade de novos investimentos, Paes Mendonça reforça a visão de que é preciso ter eficiência. “O mercado de shoppings é como coração de mãe, sempre cabe mais um. Mas isso não significa que todos darão resultados. Serão bem-sucedidos aqueles que forem adequados à demanda e souberem trabalhar para atender o público certo.”
Os planos do Grupo JCPM confirmam que há, sim, bastante espaço para novos investimentos. “Estamos construindo o nosso segundo shopping em Salvador, além de fazer investimentos na requalificação e modernização dos que já temos no Recife e em Aracaju. Outro plano é construir no Recife um shopping tão moderno quanto o Salvador Shopping”, resume Paes Mendonça. O Norte Shopping, novo empreendimento do grupo na capital baiana, será inaugurado até novembro de 2010, nas imediações do aeroporto, com uma área bruta locável de 41,4 mil metros quadrados.
O grupo North também não para de investir, encorajado pelos resultados do último investimento – o Via Sul, inaugurado em dezembro de 2008, em Fortaleza. “Estamos investindo na expansão do Shopping Maracanaú, que incorporamos em 2003, e na remodelação do Shopping Caruaru, que acabamos de adquirir”, conta Sérgio Gomes. Segundo ele, o Maracanaú terá sua área triplicada e vai se consolidar como shopping regional, atendendo a consumidores de diversas cidades no entorno da capital.
O projeto de investimento no empreendimento adquirido em Caruaru, cidade a cem km de Recife, já começou com o lançamento das promoções de Natal. “Há um grande potencial não explorado na cidade. Não tem nenhum cinema funcionando, por exemplo. Então, vamos colocar três salas de cinema modernas, lojas âncoras inéditas na região e opções de lazer”, antecipa o empresário. Ao mesmo tempo, o grupo tira do papel o projeto do Fortaleza Fashion Mall, primeiro shopping de atacado do Ceará. “Fizemos o lançamento no dia 7 de novembro e já temos 40% dos espaços vendidos”, diz Gomes, acrescentando que a previsão é de que seja inaugurado ainda no primeiro semestre de 2010.
Entre os diversos investimentos planejados para inflar o setor de shoppings do Nordeste, dois se diferenciam por representarem um conceito ainda novo na região: o empreendimento de uso misto, no qual os shoppings são âncoras de novos bairros.
O grupo Sá Cavalcante escolheu São Luís para realizar seu primeiro empreendimento misto no Nordeste. “A base do investimento é o Shopping da Ilha, que será o maior do Maranhão e terá lojas-âncora inéditas, como a Renner, a Centauro e a Etna”, afirma Leonardo Cavalcante, diretor-superintendente da SC2, empresa do grupo que administra a área de shoppings.
No entorno do shopping, implantado em uma área de 176 mil metros quadrados e com previsão de inauguração para abril de 2011, será construído um complexo imobiliário com 1.600 apartamentos e 2.900 salas comerciais. Localizado na avenida Daniel la Touche, que nos últimos anos tem se transformado em um corredor comercial, o empreendimento está com 70% da área de lojas já comercializados. “Tivemos uma receptividade muito boa para o shopping, o que confirma a nossa expectativa”, acrescenta o executivo.
Em Salvador, a iniciativa é do grupo JHFS, um dos pioneiros nesse tipo de investimento no Brasil. O Horto Bela Vista ocupará uma área de 340 mil metros quadrados, com 19 torres residenciais e três comerciais, um hotel, centro de convenções, uma escola e o Shopping Bela Vista. “Um dos fatores que nos levaram a investir em Salvador foi ter encontrado um parceiro local, experiente na área de shoppings, o Grupo Euluz, interessado em integrar o nosso projeto”, observa Robert Bruce Harley, diretor-executivo de shoppings da JHFS.
A primeira fase do projeto, que engloba cinco torres de apartamentos e o shopping, foi lançada em outubro do ano passado e cerca de 70% das unidades residenciais já foram comercializadas. O Shopping Bela Vista terá 57 mil metros quadrados de área bruta locável, sendo que na primeira fase, a ser inaugurada em 2011, contará com 200 lojas.
Fonte: jornal Valor Econômico