Nágyla Drumond – A atualidade do Feminismo Emancipacionista
O binômio classe/gênero é um dos principais elementos articuladores e estruturantes das relações sociais, nos permitindo entender como os sujeitos estão sendo constituídos cotidianamente por um conjunto de significados impregnados de símbolos culturais, conceitos normativos, institucionalidades e subjetividades sexuadas que atribuem a homens e mulheres lugar diferenciado no mundo, sendo essa diferença atravessada por relações de poder que conferem ao homem uma posição historicamente dominante.
Publicado 24/11/2009 12:11 | Editado 04/03/2020 16:34
Entendendo, no entanto, que estes lugares sociais não são totalmente cristalizados, mas construídos de maneira relacional.
Ao longo do século XX, nunca ficou tão clara a existência e a continuidade da opressão de gênero. O progresso material da humanidade não foi acompanhado, na mesma medida, pelo avanço pessoal, social e político das mulheres. A atual crise do Capitalismo, inclusive, vem colocando novos desafios frente à luta feminista. É preciso fortalecer a identidade feminina, afirmando que somos donas de nossos corpos e de que devemos ampliar nossa participação nos espaços de poder e decisão como forma, inclusive, de enfrentar a violência. É necessário continuar avançando na garantia de políticas públicas, ocupando a esfera institucional de maneira decisória e, ao mesmo tempo, compreender que nossa fonte inspiradora continuará sendo a radicalidade de nossa luta: feminista e emancipacionista. Pois acreditamos que não basta incluir as mulheres numa agenda afirmativa de políticas públicas; é preciso emancipá-las. Por isso que continuamos firmes na construção de uma nova sociedade, que chamamos de Socialismo.
No Ceará, o ano de 2009 nem mesmo terminou e 113 mulheres já foram assassinadas. Um aumento de 21 %, em relação aos assassinatos registrados no estado em todo o ano de 2008. Esta realidade exige, de maneira imediata: a implantação da Secretaria Estadual de Mulheres; a ampliação do número de juizados, delegacias especializadas, casas-abrigo, centros de referência, numa concepção que não responsabilize as mulheres pela violência que sofrem, mas que enfrente o desafio da violência sexista como um processo que deve ser desconstruído por toda a sociedade.
Neste 25 de novembro – Dia Internacional pela Erradicação de todas as formas de violência contra a Mulher – defendamos que um novo plano de desenvolvimento nacional, que avance ainda mais do que o Governo Lula vem avançando, é de fundamental importância para a vida das mulheres. Continuemos firmes em nossa luta diária em busca do desenvolvimento com participação ativa das mulheres, entendendo que a luta feminista se entrelaça à luta de nosso povo por uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.
Nágyla Drumond é Mestre em Sociologia, Coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM) e Presidenta do Centro Socorro Abreu
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