Marcos Dionísio: Spray de pimenta gera polêmica
As recentes histórias da utilização de spray de pimenta de policiais contra torcedores nos estádios de Natal motivaram um ofício encaminhado pelo coordenador dos direitos humanos do Rio Grande do Norte, Marcos Dionísio, à Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado. No documento, o coordenador solicita apurações nos casos ocorridos no Machadão no último domingo e no Frasqueirão, na quarta-feira passada.
Publicado 24/11/2009 18:41 | Editado 04/03/2020 17:08
Nas duas ocasiões, o spray utilizado pela polícia trouxe danos à pessoas não envolvidas no tumulto. No domingo, por ocasião do clássico ABC x América, para conter alguns torcedores os PMs utlizaram spray de pimenta. A ação do vento trouxe o gás para dentro do gramado e acabou por fazer desabar pelo menos cinco atletas de Alecrim e Potiguar-M, que naquela ocasião disputavam a partida preliminar. O jogo foi paralisado e os jogadores com tontura e ânsia de vômitos tiveram que ser submetidos à tratamento médico.
Já na partida de quarta-feira passada, envolvendo ABC e Potyguar-CN, um grupo de torcedores que protestava próximo ao túnel contra a atuação do árbitro também foi coibido pela acionamento do gás desferido pela polícia. "Antes mesmo dos torcedores se aproximarem do túnel, a polícia já ameaçava usar o spray. Depois que o trio deixou o campo, ao menos dois policiais jogaram bastante gás em direção a torcida, fazendo todos passarem mal. O fato indignou um pai que estava com seu filho sem conseguir respirar, o que gerou revolta.
Vale frisar que em nenhum momento os torcedores tentaram agredir o trio de árbitros ou ainda a PM", ressalta o documento. Ainda segundo o relatório, a partir deste gesto a torcida passou a reclamar da postura policial. "Depois disso a polícia ainda usou palavrões e ameaçou partir para violência e ainda uma pessoa do Bope esbravejou dizendo 'vão embora bando de vagabundos' e, ao que parece, voltando-se para o pai e o filho atingidos anteriormente, afirmou que na torcida havia vagabundos e vagabundinhos, passando pouco tempo depois a usar novamente o gás", conta a coordenadoria de direitos humanos em outro trecho do relatório.
"Reconhecemos o esforço que vem sendo feito pelas polícias, promotores de justiça e chefes de torcidas organizadas para se evitar conflitos provocados por aqueles torcedores travestidos. No entanto, não podemos admitir a banalização do uso do spray de pimenta, uma vez que essa atitude pode transformar um mero conflito numa tragédia, uma vez que a revolta causada é muito grande", explica Marcos Dionísio. Por isso, o coordenador solicita à corregedoria que apure a ocorrência registrada nos dois estádios e negocie com o grupo que trata da segurança nos estádios a presença da corregedoria nos principais eventos. "Isso pode evitar a edição de abusos", diz Dionísio.
Além destes episódios, o coordenador pediu para corregedoria apurar também o acontecido por ocasião da final da Copa RN de 2008, quando foram registradas algumas reclamações de torcedores contra policiais. O documento destaca que o ofício de número 022/2008 foi enviado a corregedoria naquela ocasião e até hoje nenhuma resposta foi dada.