Canindé de França: Consciência Negra!
Zumbi dos Palmares, é a maior expressão da luta e da resistência contra a exploração negra em nosso país, defensor das liberdades, impulsionador da organização, estrategista militar, voz de comando, dotado de espírito de iniciativa individual e coletiva.
Publicado 23/11/2009 13:35 | Editado 04/03/2020 17:08
Capturado logo nos primeiros anos de vida, Zumbi resistiu ao processo de aculturação que lhes foi imposto, ficou sob o comando e a influência de religiosos católicos, mas não sucumbiu as suas origens. Manteve o ímpeto da irreverência, mas permaneceu com a serenidade capaz de lhe permitir a fuga na primeira das oportunidades. Assim retornou ao berço da luta e da resistência: O Quilombo dos Palmares e aos seus iguais. Lá permanecendo até 1695, quando de sua morte, após longa resistência aos opressores e escravistas.
Líder forjado na luta e na disputa
A liderança de Zumbi não ocorreu pelos fatos da convivência política e social de modo natural. A sucessão de liderança no comando não foi pacífica. O pomo da discórdia foi exatamente o rumo a ser seguido, de um lado o então chefe Ganga Zumba defensor do acordo com o então governador de Pernambuco que em troca de uma pseudo garantia de liberdade colocava o Qulilombo e seus negros sob o comando da hierarquia e dos interesses da coroa luzitana.
Zumbi, diante do acordo proposto e da eminente capitulação, não teve dúvidas, optou pela luta, enfrentando a liderança de Ganga Zumba, a quem enfrentou e derrotou, tornando-se a nova liderança da comunidade palmarina. Quando morreu aos 40 anos, era jovem e líder inconteste, referência de liberdade e de luta para os que enfrentavam a escravidão e fugiam das senzalas e procuram reencontrar a liberdade. Na disputa de rumo, Zumbi se tornou referência e vitorioso na sua afirmação libertária.
Não há que negar, não é justo obscurecer, Ganga Zumba também foi importante, apenas não conseguiu entender o novo momento da luta pela liberdade, e se entendeu, posicionou-se de forma equivocada.
Desafios da atualidade
Com a edição da Lei Áurea, em maio de 1888, a escravidão legalmente acabou, indiscutivelmente um passo importante, no entanto, não foi superado o regime de desigualdades implantado e imposto pelo modelo colonial/escravista. O Brasil teve quase quatro séculos de trabalho escravo, a base da infraestrutura e da riquesa inicialmente construída foi fundamentalmente construída no açoite e na violência das classes dominantes da época.
Se a luta era pela liberdade e contra a escravidão, ela ainda pernanece atual, por outro lado o desafio é superar as desigualdades, vencer o preconceito e criar condições para oportunizar meios e instrumentos capazes de garantir na prática a igualdade prevista em nosso regimento legal-a Constituição Federal.
Construir uma sociedade de valores elevados, com os traços de solidariedade e de respeito é um desafio presente e constante. A diversidade é uma marca inerente a história de nosso país e de nossa nação, desenvolvê-la de forma harmoniosa é contribuir para edificar uma sociedade plural de valores, cores e idéias. A construção de uma nação soberana pressupõe considerar de forma integrada todos os seus tipos humanos, observando o tempo, suas particularidades e valores, sobretudo os culturais.
Diferentes e Iguais
Maria das Graças da Silva Lucas, mulher, brasileira, militante dos movimentos sociais, integrante do Partido Comunista do Brasil, e representante da União de Negros pela Igualdade Racial-Unegro/RN, sobre o dia da Consciência Negra disse:
"Queremos construir uma história nova. Somos diferentes sim, mas iguais nos direitos ". E acrescentou: "O lugar do negro é em todo lugar. Neurônio não tem cor, tudo é uma questão de oportunidade ".
Dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, dia de continuar a luta dos antepassados, com métodos, conteúdos e princípios atuais.
Viva Zumbi dos Palmares!
Viva a luta contra o preconceito racial!