Sem categoria

OEA reúne-se na segunda-feira para avaliar situação em Honduras

A decisão dos EUA de reconhecer as eleições do próximo dia 29 em Honduras, mesmo sem a recondução do presidente deposto Manuel Zelaya, criou um racha no continente, já que a imensa maioria dos países se recusa a aceitar as eleições sem a volta de Zelaya. A mudança na atitude americana está gerando críticas.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) se reunirá na próxima segunda-feira (23) a portas fechadas para avaliar a situação em Honduras, onde serão realizadas eleições gerais no dia 29.

Um diplomata americano de alta categoria, que preferiu manter o anonimato, afirmou que a reunião será "informal", enquanto outras fontes consultadas pela Agência Efe informaram que representantes dos 34 países-membros ativos da Organização dos Estados Americanos (OEA) participarão do encontro privado.

No seio da organização interamericana, os países estão divididos quanto à legitimidade das eleições do próximo dia 29, já que há países que anunciaram abertamente que não reconhecerão o resultado sem a volta prévia de Zelaya ao poder, como Brasil, Nicarágua, Equador, Argentina, Bolívia e Venezuela. Por outro lado, EUA e Panamá declararam que aceitarão a eleição.

A postura que for adotada pela organização nos próximos dias deverá ter influência na decisão sobre pôr fim ou não à suspensão imposta pela própria OEA à Honduras em 4 de julho, após a derrubada de Zelaya.

Os Estados Unidos, que intermediaram as negociações do Acordo Tegucigalpa-San José, foram muito criticados por anunciarem seu apoio às eleições hondurenhas. Desde o primeiro momento após o golpe, a posição dos Estados Unidos tem sido dúbia e muitas vezes interpretada como um apoio tácito ao golpe. O reconhecimento da nebulosa eleição de 29 de novembro porém, não deixa mais dúvidas de que o governo Obama estendeu as mãos aos golpistas hondurenhos.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou que não enviará uma missão de observação eleitoral a Honduras, mas o diplomata de alta categoria garantiu que no dia da votação haverá "muitos observadores internacionais".

Afastamento inócuo

A decisão do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, de se afastar da Presidência entre 25 de novembro e 2 de dezembro para não tirar o foco das eleições presidenciais foi recebida com desprezo e ironias por vários países, entre eles o Brasil.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, voltou a criticar Micheletti na sexta-feira. "Ele (Micheletti), do ponto de vista legal, nem tinha que ter estado no governo", disse Amorim. "Então ele diz agora que vai se afastar provisoriamente, para mim, soa curioso", completou.

Nos EUA, porém, uma autoridade do Departamento de Estado disse que a saída de Micheletti pode ser uma brecha para um acordo entre o governo interino e o presidente deposto Manuel Zelaya. O mesmo foi dito por Robert Wood, porta-voz do Departamento: "Achamos bom que ele se afaste e que isso ocorra logo. Isto vai dar algum espaço para que o processo (de conciliação) em Honduras caminhe".

O representante do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), o embaixador Ruy Casaes, por sua vez, não viu importância alguma na saída de Micheletti, já que ele promete voltar, e o governo interino continuará no comando do país na transição para o novo governo: "O golpe continua", afirmou Casaes.

Zelaya abandonou as negociações para a composição de um governo de coalizão quando percebeu que Micheletti estava disposto a comandar o processo, incluindo a aprovação dos nomes que Zelaya sugerisse para o governo. O Congresso e a Suprema Corte hondurenhos adiaram a definição sobre a possível volta de Zelaya ao cargo de presidente. Agora, o Congresso promete que no dia 2 de dezembro – após as eleições – se reunirá para definir o novo governo, com ou sem Zelaya.

Da redação,

com agências