Emergentes emperram o plano do FMI para reservas
Uma proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) para criação de reservas comuns pode não ser a melhor maneira de reequilibrar a economia global, uma vez que as potências emergentes provavelmente não vão abrir mão dos recursos acumulados que foram úteis durante a crise. Em vez disso, o sistema econômico deve se equilibrar automaticamente, à medida que países como Brasil e Rússia diversificam suas reservas internacionais além do dólar.
Publicado 06/11/2009 16:34
A proposta do FMI pode começar a aparecer nas discussões do G-20, que se reúne nesta semana na Escócia para buscar definir uma estrutura que ajude no equilíbrio econômico. O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, disse à Reuters nesta quinta-feira que as autoridades financeiras discutirão como gerenciar o excesso de reservas globais.
O desequilíbrio foi construído, em parte, com os gastos de consumidores norte-americanos que se beneficiavam do setor imobiliário em alta e do crédito. Enquanto o déficit comercial dos EUA crescia, as reservas cambiais de países superavitários como a China, dentre outros, decolaram.
Na Ásia, países também foram motivados a acumular grandes reservas como maneira de se proteger de crises econômicas. A ideia do FMI é que reservas comuns reduzirão a necessidade de grande acumulação por parte de mercados emergentes porque eles terão acesso ao capital multilateral em tempos de crise.
O Fundo argumenta que, caso seu plano funcione – e ele está somente no estágio de discussão -, os países serão capazes de fazer um melhor uso de seus recursos ao direcioná-los para os tão necessários gastos com infraestrutura, educação e saúde.
Mas a proposta da instituição ainda é vaga e alguns países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) já têm demonstrado dúvidas se pode funcionar. "A melhor alternativa é a autoproteção", disse o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, por meio de um porta-voz. O Brasil aproveitou o colchão durante a crise de crédito global para manter a liquidez e sustentar a economia.
"Por ora, não estamos enxergando isso de maneira alguma, porque não há nada de concreto", afirmou Andrei Bokarev, uma autoridade do Ministério de Finanças da Rússia.
Ana Nicolaci da Costa,
Da Reuters de Brasília