EUA liberam entrada de portadores de HIV no país
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira (30) que vai anular a proibição, vigente há mais de 20 anos, que impede a entrada no país de portadores do HIV, vírus causador da aids. A ordem deve ser oficializada na segunda-feira (02) e entra em vigor no início de 2010, após um processo de implementação de 60 dias.
Publicado 31/10/2009 14:29
"Há 22 anos, por uma decisão baseada mais no medo que nos fatos, os Estados Unidos instauraram uma proibição de entrada no território aos portadores do vírus da aids. Falamos em fazer desaparecer o estigma que representa essa doença, mas isso não nos impediu de tratar como uma ameaça aqueles que viviam com ele e nos visitavam", declarou Obama.
Os Estados Unidos são um dos poucos países que impedem a entrada de viajantes infectados com o HIV, lembrou o presidente. "Se queremos ser um líder mundial no combate à aids, devemos nos comportar como tal", continuou, em discurso na Casa Branca.
Para Obama, a medida ajudaria a conter o avanço da doença, pois acabaria com o estigma que impedia que pessoas fizessem os exames de diagnóstico: "(Esse estigma) fez com que as pessoas não enfrentassem sua própria doença e acelerou a propagação dessa enfermidade durante tempo demais."
A proibição entrou em vigor em 1987, quando ainda havia muito temor e ignorância em relação à aids.Na época, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país colocou a aids na lista de doenças contagiosas que impediam seus portadores de entrarem nos Estados Unidos. O mesmo departamento tentou anular a decisão em 1991, mas esbarrou na oposição do Congresso.
Em 1993, a infecção pelo HIV se tornou a única condição médica mencionada na lei de migração do país como um motivo para rechaçar o acesso ao território norte-americano.
O resultado da lei foi a recusa de milhares de turistas, estudantes e refugiados, assim como a complicação do processo de adoção de crianças portadoras do HIV. Os Estados Unidos também ficaram impedidos de sediar qualquer conferência internacional sobre a aids, porque ativistas e mesmo pesquisadores infectados pelo vírus teriam sua entrada negada.
Continuidade
Em julho do ano passado, o antecessor de Obama, George W. Bush, aprovou uma lei que retirou a aids da lista de doenças "de importância para a saúde pública" e que de fato impedia o ingresso de portadores do HIV no território americano. A decisão fazia parte de um novo programa federal que pretendia triplicar, em um período de cinco anos, os investimentos financeiros na luta contra a aids, tuberculose e malária. Mas essa lei não havia sido implementada pelo Departamento de Saúde, que em algumas instâncias regulamenta as autoridades de imigração.
"O Congresso e o presidente Bush se comprometeram com esse caminho, no ano passado, e devem ser felicitados. Nós terminamos o seu trabalho", declarou Obama, ontem. Mas ele lembrou que a batalha contra a aids está "longe de ter acabado. A aids não é a maior causa de mortes entre os americanos de 25 a 44 anos, como já foi. Mas 1,1 milhão de americanos seguem vivendo com aids nos Estados Unidos", completou.