Incra desmente pesquisa da CNA
O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, contestou a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), segundo a qual 37% dos assentados brasileiros não produzem nada na sua propriedade.
Publicado 14/10/2009 07:22
“Quero reafirmar que a reforma agrária produz muitos alimentos. O censo agropecuário, que pesquisou todos os estabelecimentos do país, mostra que a agricultura familiar detém 24% da área total e produz 40% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. Fico com o censo e não com o Ibope, que pesquisou mil famílias. Temos 1 milhão de famílias assentadas no Brasil inteiro em 80 milhões de hectares. A amostra é insuficiente”, afirmou Hackbart, em entrevista coletiva.
“O interessa da CNA é dizer que a reforma agrária não é mais necessária. E nós sabemos que a reforma é um caminho para desenvolver o país de forma sustentável”, acrescentou Hackbart.
De posse de produtos expostos na última 6ª Feira da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária, Hackbart citou alguns assentamentos que batem recordes de produção pelo Brasil, mas ressalvou que esse tipo de dado não é o indicador adequado para uma avaliação única de eficiência da reforma agrária. Numa analogia, Hackbart alegou ser impossível comparar uma Votorantim com uma empresa de fundo de quintal.
“Nossa grande missão é reduzir a violência, promover a cidadania e garantir acesso a direitos básicos. Não dá para medir o sucesso da reforma agrária pela sua inserção no mercado com o que as famílias produzem. O grande objetivo é desconcentrar o uso e a propriedade da terra. O principal é tirar as famílias das lonas, e a produção é um passo seguinte”, disse Hackbart.