Rádio escola facilita exercício da comunicação cidadã
O Programa Conexão Jovem é um exemplo do uso do rádio como instrumento de educação e formação para a cidadania. Adolescentes falam para adolescentes no projeto que contribuiu para o município de Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, receber, por quatro vezes, o Selo Unicef, do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Publicado 09/10/2009 08:41 | Editado 04/03/2020 16:34
E a partir desta quarta-feira (22), os jovens que fazem o programa, na rádio FM Horizonte, desde 2002, ganham reforço com a participação de estudantes de 12 escolas da Rede Pública de ensino na Blitz Conexão. A novidade é uma ação de mais um projeto – Amigos da Leitura em Sintonia com a Infância – lançado em fevereiro. A ideia prevê muita interatividade. Um dos locutores do Conexão Jovem visita, uma vez por semana, uma das escolas que possuem sua própria rádio interna e, com os alunos, realiza transmissão ao vivo para a rádio municipal. O tema a ser debatido varia a cada semana. Desta vez, a política está em pauta.
O Coordenador Municipal dos dois projetos, Marcos Peixoto, da Secretaria de Educação de Horizonte, explica que para reforçar a Blitz Conexão, 12 estabelecimentos receberam equipamentos para renovação das rádios escolares e os estudantes participaram de oficinas de capacitação. As rádios têm programas produzidos pelos alunos de cada escola e a transmissão é restrita a cada estabelecimento. Com a Blitz, será possível fazer links de 20 a 30 minutos com o Conexão Jovem, da FM Horizonte, democratizando as discussões em torno dos mais diversos temas: prevenção às drogas, violência na mídia, orientações sobre DST/Aids, responsabilidade social, patrimônio público ou política.
Cerca de sete mil alunos da rede pública de ensino são beneficiados pelos projetos. Destes, 150 participam mais diretamente dos programas das rádios escolares e dez estão no Programa Conexão Jovem. Para se transformar num comunicador escolar, o aluno precisa atender alguns critérios. Marcos cita alguns: Ter boas notas, ser assíduo, assumir a responsabilidade em fazer o programa e se dispor a participar dos eventos externos, no caso de coberturas. Além da capacitação, os comunicadores jovens recebem bolsas. Marcos afirma que os estudantes se esforçam para atender os requisitos, melhorando o desempenho escolar, e só isso já demonstra o poder transformador dos projetos financiados com recursos da própria Prefeitura.
Israel Alves, 18 anos, no segundo ano do Ensino Médio, está na Conexão Jovem desde os 14 anos. Entre os pontos positivos que ele destaca estão à possibilidade de conhecer pessoas e entender melhor a comunidade onde vive. Receber o apoio da família e dos amigos o enche de satisfação. Motivo de orgulho é ter contribuído para o município receber o Selo Unicef e um dos momentos marcantes de sua carreira de jovem comunicador "foi fazer a volta olímpica na praça da cidade com o troféu do Unicef para entregar ao prefeito". Israel quer ser jornalista e por enquanto diz que sabe da responsabilidade de transmitir informações para outros jovens. "A gente leva conscientização e faz com que os outros reflitam", diz.
Patrícia Lima Pereira, 17 anos, também no segundo ano do Ensino Médio, entrou na Conexão com 14 anos. "Antes, estava meio sem rumo. Não sabia o que fazer. Só estudava. Quando o projeto começou, veio a seleção e isso mudou radicalmente minha vida. Fiz capacitação, aumentei meus conhecimentos", conta. Ela explica que para um programa ir ao ar é preciso muito planejamento. Os jovens precisam ler bastante para entender os assuntos sobre os quais vão falar. Ser tão jovem e agente de transformação da sociedade não é tarefa fácil, ela sabe. "Às vezes a gente ouve alguém dizer: é só uma menina. Outros acham que a gente quer ser melhor que os outros", diz. Mas com dedicação, garante que vai vencendo os desafios. Para ela, compensa ver, por exemplo, o interesse de outros jovens querendo participar do projeto. É gratificante também, revela Patrícia, ver meninas deixando a timidez e buscando informações, no posto de saúde, sobre exames ginecológicos, por terem recebido orientação nos programas de rádio. Como Israel, ela também quer ser jornalista. E é crítica diante do que vê na grande mídia: "Acho que ela esconde muito a verdade e transforma tudo num show, como no caso da Eloá.".
Fonte: Agência da Boa Notícia