"Lula foi mais importante do que Blair", diz consultor
Mike Lee, marqueteiro do comitê Rio-16 diz em entrevista ao jornal paulistano Folha de S.Paulo que participação do presidente Lula foi crucial para triunfo da candidatura da cidade carioca como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Publicado 06/10/2009 18:04
Mike Lee foi entrevistado pelo repórter Rodrigo Mattos, da Folha, afirmando que o presidente Lula foi mais importante para a Rio-2016 do que Tony Blair para Londres-2012. Além disso, Mike fez algumas críticas à candidatura de Chicago e colocou a mídia brasileira no seu devido lugar.
Ao ser perguntado sobre as "diferenças" entre Rio de Janeiro e Londres, no aspecto de realização de grandes eventos, Mike retrucou que Londres jamais organizou um evento como o Carnaval, nem o Rèvéillon, que atria mais de 2 milhões de pessoas para as areias das praias cariocas.
Leia abaixo a íntegra da entrevista
Qual a diferença entre uma campanha política e uma campanha olímpica?
Nenhuma diferença.
Nenhuma?
São campanhas eleitorais. Seu trabalho é ganhar a eleição, fazer votarem em você.
Existe uma diferença entre as campanhas de Londres e do Rio. Mas Londres tem essa autoestima de cidade cosmopolita que organizou grandes eventos…
Londres nunca organizou algo como o Carnaval ou como o Revéillon do Rio. Quantos eventos de grande porte esportivos Londres organizou? Nenhum. Vocês fizeram o Pan-2007. Londres não fez isso.
Mas é reconhecida como uma cidade mais rica.
Nós tivemos essa candidatura atacada em massa pela mídia inglesa. E a coisa da mídia inglesa, comparando com a brasileira, é que ela vai para o mundo, por causa da língua.
Talvez pelo dinheiro…
Não por causa do dinheiro, 1.300 correspondentes vivem em Londres, todas as redes grandes. Se a mídia é dura em Londres, vai para o mundo. Chicago teve esse problema. Houve hostilidade da mídia brasileira, críticas injustas. Mas o mundo não estava lendo.
Então o senhor não acha que foi um desafio?
Foi um desafio diferente. Lula disse que os brasileiros têm que provar todo dia. Foi um pouco assim na campanha. Nós tivemos que ganhar todas as apresentações. A apresentação final, cada palavra, cada slide, cada segundo do vídeo, cada gesto, nós trabalhamos.
Em geral, como foi a relação com o presidente Lula?
Brilhante. Lula foi crucial. As pessoas falaram sobre o papel de Tony Blair, que foi bem importante para Londres-2012. Eu diria que Lula foi provavelmente mais importante para o Rio-2016. Ele trabalhou por dois anos. Não apareceu só no último dia, fez um discurso e acenou [como Barack Obama].
Você disse que é um campanha próxima da política. Ele é um político…
Fez coisas acontecerem. Não poderíamos dizer que o Rio está pronto e nossa economia está caindo. O Brasil é a 10ª economia no mundo e seremos a 5ª em 2016. A nova ordem mundial tem o G20, e o Brasil está na mesa central. O Brasil está em todas as mesas centrais, porque não na do COI?
Qual é o impacto da repercussão na mídia para o Rio e para Londres?
Em Londres, o impacto dos Jogos será bem menor do que no Brasil. O tempo foi certo [para o Rio]. Se olhar a apresentação, não dizíamos "vocês têm que vir para a América do Sul."
Dizíamos que foi uma jornada maravilhosa, 30 jogos na Europa, cinco na Ásia, dois na Oceania. Nove na América do Norte, sendo oito nos EUA. E, de repente, mostramos um continente com zero. O Rio está pronto para abrir uma porta ao movimento olímpico para a América do Sul. Isso foi crucial.
Isso ocorria desde o início [a favor do Rio]. Se fizesse certo, ganharia a candidatura.
Fazer certo realmente não é fácil. Fazer errado, como Chicago, também não é fácil. Mas nós fizemos certo.
Você vai continuar com o Comitê Organizador?
Eu gostaria. Não conheço São Paulo, mas amo Rio. Eu tenho grande respeito pelos líderes políticos e os líderes do comitê olímpico. Vamos fazer outros trabalhos juntos.
Fonte: Jornal Folha de S.Paulo