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Assessor de Lula acha "ruim" crítica dos EUA a Zelaya

A pressão internacional sobre o governo de facto de Honduras ainda não foi "suficientemente forte" para resolver a grave crise no país, disse nesta segunda-feira o assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia. Ele criticou uma declaração do representante interino dos Estados Unidos na OEA (Organização dos Estados Americanos), taxando de "irresponsável" o retorno do presidente Manuel Zelaya a Tegucigalpa.

"Espero que [a pressão] avance um pouco mais, ou na direção de que os golpistas aceitem uma nova conversa com a Organização dos Estados Americanos (OEA), ou que a comunidade internacional aumente a pressão", disse Marco Aurélio Garcia, em entrevista exclusiva à Reuters, por telefone.

"Não se pode subestimar a estupidez humana"

O assessor de Lula foi incisivo ao condenar uma possível invasão da embaixada brasileira pelo governo golpista, hipótese que Zelaya disse não descartar. "Se houvesse um ato desse, seria uma situação gravíssima, teríamos que entrar no Conselho de Segurança da ONU", argumentou Garcia.

Segundo Marco Aurélio, isso não deve ocorrer. "Mas não se pode subestimar a estupidez humana", agregou ele.

Marco Aurélio Garcia também criticou a fala do o embaixador interino dos EUA na OEA, Lewis Anselem, que nesta segunda-feira (28) considerou "irresponsável e tolo" o retorno de Zelaya a seu país, uma semana atrás.

"É uma declaração ruim, que demonstra um caráter ambíguo da diplomacia norte-americana", comentou. "Declarações desse tipo só fazem relativizar o que aconteceu em Honduras", afirmou o assessor brasileiro. "A questão fundamental é ter uma atitude enérgica para restabelecer a democracia", frisou.

"Um erro a ser corrigido"

Para Marco Aurélio, a política latino-americana de Washington tem deixado a desejar. "A meu juízo, os americanos estão melhores em termos de política externa em outros países ou região, como no Irã e Oriente Médio, por exemplo, do que aqui (na América Latina)", criticou.]

"Se eles estivessem usando o mesmo procedimento aqui, seguramente seria diferente", acrescentou, afirmando que a "pressão internacional ainda não foi suficientemente forte" e que espera que "esse erro possa ser corrigido".

Abselem, numa reunião de emergência do Conselho Permanente da OEA nesta segunda-feira, criticou o governo de fato de Micheletti pela "deplorável" decisão de barrar o ingresso de funcionários da OEA e decretar o estado de sítio.

Mas o representante americano declarou também que "o regresso de Zelaya sem um acordo é imprudente". E disparou: "Ele deveria parar de fazer acusações temerárias e se portar como o artista de cinema".

Da redação, com agências