Bancários deflagram greve nacional a partir desta quinta
As assembléias realizadas pelos bancários nesta quarta-feira (23/9) à noite em todas as capitais, no Distrito Federal, e em bases sindicais do interior, aprovaram a orientação do Comando Nacional de deflagrar greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (24/9), para exigir dos bancos que apresentem uma nova proposta que atenda às reivindicações da categoria.
Publicado 24/09/2009 11:30
A greve ocorre porque os bancos, após cinco rodadas de negociações, apresentaram uma proposta que, segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), não contempla as reivindicações da categoria por aumento real dos salários, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) mais justa, valorização dos pisos salariais, proteção ao emprego, mais saúde e melhores condições de trabalho, com adoção de políticas de combate às metas abusivas e ao assédio moral.
"É inadmissível que os bancos, com seus altos lucros e com o pagamento de bônus milionários a seus executivos, queiram reduzir os salários e a participação nos lucros dos bancários. Com as deliberações democráticas das assembléias, que contaram com participação massiva da categoria, os bancários deixaram claro que a greve só acabará com uma nova proposta que contemple nossas reivindicações", ressalta Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Das 107 assembléias listadas pela CUT que teriam ocorrido na quarta-feira (23/9) à noite, 95 deflagraram greve ou marcaram para entrar em greve nos próximos dias, 4 definiram por entrar em "estado de greve", apenas 3 decidiram por não entrar em greve e as outras 5 assembleias marcaram nova data para tomar a decisão (vide quadro ao fim da matéria).
Veja abaixo as principais reivindicações dos bancários e a proposta (ou a falta de proposta) dos bancos:
Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.
Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros. Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.
Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.
Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.
Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.
Auxílio-creche/babá. A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.
Auxílio-refeição. Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.
Cesta-alimentação. Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.
Segurança. Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.
Previdência complementar para todos. Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.
Acompanhe o quadro de greve atualizado de acordo com os resultados das assembleias realizadas nesta quarta-feira (23/9):
Da redação, com CUT