Sem categoria

Na China, ricaços se esbaldam com produtos de luxo

O mercado de artigos de luxo da China supera pela primeira vez o estadunidense, ocupando o preocupante "segundo lugar do mundo". Muitas medidas adotadas pela China estão destinadas a aumentar a demanda interior, mas crescente consumo de artigos de luxo aumenta a "demanda externa" dos países desenvolvidos, porque estes são basicamente produzidos por empresas estrangeiras.

Atualmente a China se converteu em um dos países que mais compra automóveis de luxo do mundo. Muitas marcas de carros luxuosos competem no mercado chinês. Segundo as estatísticas mais recentes, as vendas do grupo alemão BMW cairam 19% no mundo, comparadas ao período de doze meses, mas suas vendas na China cresceram assustadores 26% no mesmo período.

Além disso, durante a crise financeira, a demanda de artigos de luxo nos EUA, Europa e Japão sofreu uma contração geral, mas seu mercado na China segue em um período de bonança. Hoje, o consumo de artigos de luxo na China já representa 25% do comércio global, superando pela primeira vez os Estados Unidos para converter-se no segundo país de consumo de artigos de luxo no mundo.

O luxo é produto da abundância. No mercado de artigos de luxo da China, os compradores chineses tiram maços de dinheiro dos bolsos, deixando boquiabertos os magnatas dos países desenvolvidos. Sem dúvida, isso é algo que aumenta o prestígio dos chineses, mas, além do prestígio, é necessário levar em consideração e admitir que não é algo digno de orgulho ocupar o "segundo lugar do mundo" no consumo de coisas luxuosas.

Segundo as estatísticas levantadas pela Associação Mundial de Artigos de Luxo, os coletivos chineses para o consumo de artigos do gênero representaram em 2007 13% do consumo da população, cifra que corresponde à estrutura da distribuição de riquezas, que indica que 20% dos chineses tem cerca de 80% da riqueza do país. Portanto, frente aos consumidores chineses de artigos luxuosos, devemos considerar que no país ainda vivem dezenas de milhões de chineses que vivem abaixo da linha de pobreza, com uma renda diária de menos de US$ 1,00 por dia.

O rápido crescimento do consumo de artigos de luxo na China é, possivelmente, uma manifestação da ampliação da brecha entre ricos e pobres no país. Por um lado, muitos vivem na ansiosidade por comida e vestuário. Por outro lado, outros levam uma vida luxuosa e sem limites. Essa forte contradição não consegue mais que provocar suspiros.

É sabido de todos que a escassa demanda interna é, há muito tempo, o tendão de Aquiles da economia chinesa. Particularmente, a partir da eclosão da crise do capitalismo no ano passado, muitas medidas adotadas pela China estão destinadas a aumentar a demanda interna, mas o aumento do consumo de artigos de luxo só fez aumentar a demanda externa das empresas estrangeiras, já que esses artigos são fundamentalmente . produzidos por elas.

O salto da China para a ocupação do segundo posto no consumo de artigos de luxo no mundo, a meu parecer, não é nada positivo.

Fonte: Diário do Povo Online