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Palocci quer fundo do pré-sal combatendo desigualdade de renda

Ao ser eleito relator do projeto que cria o Fundo Social do pré-sal, o deputado Antônio Palocci (PT-SP) disse que a destinação dos recursos do fundo terão que levar em conta temas relevantes como a educação e a desigualdade de renda no Brasil. A escolha não é aleatória. Apesar dos avanços, o Brasil ainda ocupa a 10ª posição entre 126 nações com os piores índices de distribuição de renda no mundo, atrás inclusive do Haiti, país mais pobre da América Latina.

Nesta quarta (16), na Câmara dos Deputados, foram eleitos todos os presidente e relatores das comissões que vão analisar os quatro projetos que estabelecem o marco regulatório para exploração da camada do pré-sal.

“Certamente (combater) desigualdade de renda é uma meta e educação sempre é tema quando você fala a longo prazo (…) Nas próximas décadas o Brasil será cobrado se não resolver o problema da qualidade de ensino pelas futuras gerações”, disse o ex-ministro da Fazenda do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo ele, é fundamental estabelecer o “caráter do fundo e o conceito intemporal” do mesmo. “A área que precisa de recursos amanhã precisa procurar outra fonte”, diz. Na sua opinião o objetivo é transformar uma riqueza que é finita numa de longo prazo.

Os recursos do fundo já estão sendo reivindicados por diversas segmentos como o ambiental, cultural e de ciência e tecnologia. Parlamentares com atuação nessas áreas já apresentaram emendas para composição do fundo.

Comissões instaladas

Além da comissão especial sobre o projeto que cria o Fundo Social, que é presidida por Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), foram instaladas as comissões de capitalização da Petrobras, a da criação da Petro-Sal e a que vai tratar do sistema de partilha na produção e exploração.

Integrante da comissão da capitalização, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que presidiu a sessão que escolheu como presidente da comissão Arnaldo Jardim (PPS-SP) e o relator João Maia (PR-RN), diz que Maia já manifestou sua posição favorável a capitalização da empresa.

“Ele reconheceu que a Petrobras é uma empresa querida e amada pelo povo brasileiro.”
O projeto do governo propõe uma capitalização da Petrobras em pelo menos US$ 50 bilhões com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. “João Maia eu conheço deste o movimento estudantil. Sei que é um homem de elevado espírito público e patriótico que saberá administrar os conflitos naturais da matéria e elaborar um relatório compatível com os interesses do país”, ponderou Aldo Rebelo.

Eleito presidente da comissão que vai analisar a criação da Petro-Sal, Brizola Neto (PDT-RJ), diz que percebe a falta de compreensão sobre a função da nova empresa por parte de alguns deputados. “Confundem algumas atribuições da Agência Nacional de Petróleo (ANP) com a nova estatal. Não têm clareza dessas diferenças, talvez isso seja um tema polêmico no debate”, disse Brizola.

Para Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), titular da comissão, a nova estatal cumprirá papel estratégico de gerir os negócios e cuidar dos investimentos a serem feitos com a exploração do petróleo da camada do pré-sal. “Será uma empresa que cuidará exclusivamente dos interesses do povo brasileiro nesse novo empreendimento”, argumentou a deputada.

O projeto do governo sobre o sistema de partilha da exploração e a produção foi apensado ao projeto de lei do deputado Eduardo Valverde (PT-RO) que já trata do assunto. O colegiado será presidido por Arlindo Chinaglia (PT-SP) e terá como relator Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Na proposta do governo, a Petrobas terá participação mínima de 30% na exploração dos blocos da camada do pré-sal.

De Brasília,
Iram Alfaia