Brasil começará 2010 com otimismo e crescimento, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda (14), que o Brasil iniciará 2010 com "muito otimismo" e "crescimento". No programa de rádio "Café com o Presidente", Lula comentou a alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgada na semana passada. Ele afirmou também que tudo o que o País necessita é regressar à normalidade da economia e destacou a tese do governo de que o País seria o último a ser afetado pela a crise financeira internacional e o primeiro a sair dela.
Publicado 14/09/2009 11:32
"Isso (os dados da economia) apenas confirma o que a gente dizia", declarou. De acordo com o presidente, o País estava preparado para enfrentar a situação por ter uma economia "sólida", com reservas e mercado interno em potencial.
"Quando veio a crise e nós tomamos as medidas anticíclicas que tomamos, incentivando a indústria a produzir e facilitando a vida do consumidor, voltamos a bater recorde de produção e de venda de produtos. Acredito que os números do terceiro trimestre serão muito importantes e vão demonstrar um crescimento muito melhor na economia brasileira até o final do ano", prosseguiu.
Lula também voltou a falar sobre o projeto de um fundo social com dinheiro da exploração do pré-sal. Segundo o presidente, investimentos em educação são "condição básica" para que o Brasil entre no "grupo dos países desenvolvidos". "O século 21 é o século do Brasil e a gente não pode jogá-lo fora como jogamos o século 20. Por isso que a educação, para mim, é fundamental", acentuou. O fundo está previsto em um dos quatro projetos de lei do pré-sal a serem analisados pelo Congresso.
Leia abaixo a transcrição da entrevista com o presidente ou escute o áudio do programa:
Presidente, a economia brasileira voltou a registrar crescimento. Isso significa dizer que o Brasil já saiu da crise financeira mundial?
Isto significa, Luciano, apenas confirmar aquilo que a gente dizia, em dezembro do ano passado, aquilo que a gente dizia em janeiro: de que a crise tinha chegado por último no Brasil e que ela ia acabar primeiro no Brasil. Por que? Porque o Brasil estava preparado.
O Brasil tinha uma economia sólida, tinha uma estabilidade muito sólida, o Brasil tinha reservas e o Brasil tinha um mercado interno potencial que outros países não tinham. Então, quando veio a crise e nós tomamos as medidas anticíclicas que nós tomamos, incentivando a indústria a produzir e facilitando a vida do consumidor, no caso de carro, de geladeira, de material da construção civil, de máquina de lavar roupa, de fogões.
Ou seja, o que aconteceu é que nós voltamos a bater recorde de produção e de venda nesses produtos, inclusive, na construção civil, que tem crescido de forma extraordinária, não apenas por aquilo que já vinha sendo feito, mas depois do lançamento do Programa Minha Casa, Minha Vida, cresceu muito mais ainda.
O dado concreto é que os números do segundo trimestre são importantes. Eu acredito que os números do terceiro trimestre serão muito importantes; eles só serão publicados no final desse ano; e o quarto trimestre será publicado apenas no ano que vem, vão demonstrar um crescimento muito melhor na economia brasileira até o final do ano.. Isso significa que nós vamos começar o ano numa situação muito virtuosa, numa situação de muito otimismo, numa situação de crescimento. E é tudo que nós precisamos. Voltar à normalidade econômica, voltar a crescer, gerar empregos, distribuir renda, que é isso que o povo brasileiro espera de nós.
Presidente, dentro dessa visão desenvolvimentista, o governo tem procurado dar condições a todas as regiões do País de crescer e se desenvolver, não é?
Ao longo da história, o Brasil cresceu mais numas regiões e cresceu menos em outras. Por isso o Brasil ficou mais desigual. Ou seja, você tem regiões mais empobrecidas e regiões mais ricas. O que nós precisamos fazer? Nós precisamos elevar aquelas regiões que foram esquecidas, para que elas tenham um padrão de crescimento igual têm as regiões mais ricas do país.
É por isso que nós estamos fazendo fortes investimentos na região Norte e Nordeste do País. Nós acabamos de concluir o gasoduto Coari-Manaus, que era uma coisa que se falava há 40 anos, e nós agora concluímos. Nós estamos com uma série de obras, por exemplo, a refinaria no Maranhão, que vai refinar 600 mil barris/dia. É três vezes maior do que a maior que nós temos em funcionamento hoje.
Vamos fazer outra refinaria no estado do Ceará, em Fortaleza, de 300 mil barris/dia. Vamos fazer outra no Rio Grande do Norte. Estamos fazendo a de Pernambuco. Estamos fazendo a Transnordestina, e ela ficará pronta até 2010, grande parte dela ligando Suape, Elizeu Martins, e até perto de Pecém. Nós estamos fazendo a transposição das águas do rio São Francisco, que nós estamos trabalhando fortemente com a integração das bacias; tanto recuperando as margens do rio e levando água para todas as comunidades que moram, perto, fazendo o saneamento básico, para que a gente possa atender 12 milhões de pessoas no semi-árido brasileiro.
Nós estamos com um projeto em fase final para lançar a pedra fundamental da ferrovia Leste-Oeste, ligando Ilhéus, na Bahia, até a ferrovia Norte-Sul, no estado de Tocantins. Ou seja, esse processo de integração e o projeto também está pronto para começar a lançar a pedra fundamental logo, ligando a ferrovia Norte-Sul à Estrela do Oeste, em São Paulo. Ou seja, interligando o Brasil por ferrovia, como nós fizemos a interligação do Brasil com linha de transmissões para não permitir que nesse país falte energia. Nós agora queremos facilitar o escoamento da produção desse país.
Eu estou convencido que o estaleiro Atlântico Sul, que eu visitei nessa última semana, para bater quilha, ou seja, que foi uma coisa extraordinária, o moinho São Jorge que eu visitei, o Centro de Tecnologia que eu visitei, na Universidade Federal de Pernambuco, as escolas que nós inauguramos em Pernambuco, é a demonstração mais viva de que os meus filhos e os meus netos irão ver um Brasil muito mais justo, muito mais desenvolvido do que o Brasil que eu vi.
Eu acho que é isso que interessa para um governante. É fazer as coisas importantes no presente, mas preparar o Brasil para que no futuro ele seja muito melhor do que ele é hoje.
O senhor falou sobre a importância de desenvolver as diversas regiões do país, mas o investimento que o governo faz não é só em infraestrutura. A educação, por exemplo, faz parte desse processo, não é?
Olha, a educação é a condição básica pela qual o Brasil, definitivamente, entrará no rol dos países desenvolvidos. Tanto é que, quando nós mandamos o marco regulatório da lei do petróleo para o Congresso Nacional e propusemos a criação de um fundo, eu disse, claramente, e está colocado na lei, que o dinheiro do pré-sal, uma parte dele, vai para um fundo do povo brasileiro e, de forma prioritária, esse fundo vai cuidar de uma coisa chamada educação. A minha tese é a seguinte: o século 21 é o século do Brasil e a gente não pode jogá-lo fora como jogamos o século 20. Por isso que a educação, para mim, é fundamental.