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Filme mostra um Hugo Chávez heroico e visionário; Veneza aplaude

Hugo Chávez é um herói, mas também um homem, um libertador, embora lhe chamem de ditador, e um visionário que levou a América do Sul rumo à esquerda, longe dos Estados Unidos e do Fundo Monetário Internacional, segundo a visão que Oliver Stone mostra em seu novo documentário.

South of the Border arrancou aplausos por vários minutos ao ser exibido neste domingo (6), fora de concurso, durante o 66º Festival de Veneza. Alguns risos diante das ocorrências de Chávez também foram a resposta a essa primeira exibição de um documentário — que tinha gerado muita expectativa e cujo resultado não deixa de ser uma mera lembrança.

O filme tenta destruir o mito do “anti-americanismo” do líder da Revolução Bolivariana — mito, aliás, difundido pelo governo norte-americano e pela imprensa dos Estados Unidos. Para dar amplitude a seu projeto, Stone viajou pela América Latina, onde conversou com os presidentes de Cuba, Equador, Bolívia, Brasil, Paraguai e Argentina — além do próprio Chávez.

O cineasta procura mostrar que esse grupo de governantes da região segue os passos do venezuelano, principalmente em relação aos seus recursos naturais. Entre os líderes entrevistados está Luiz Inácio Lula da Silva — que aproveita o documentário para pedir o fim do criminoso bloqueio contra Cuba, a paz no Oriente Médio e a permissão para que Chávez visite os Estados Unidos. O presidente da Bolívia, Evo Morales, aparece jogando futebol e mascando folhas de coca com o diretor.

Stone, diretor de filmes como JFK — A Pergunta que Não Quer Calar e Platoon, não se mostra igualmente brilhante com este documentário sobre Chávez, a revolução bolivariana e os governos de esquerda na América Latina. O cineasta introduz o relato com imagens tiradas dos noticiários de televisão americanos nos quais Chávez é qualificado de inimigo, de diabo e de ser culpado de tudo de ruim imaginável.

Um Chávez o tempo todo sorridente e relaxado explica a Stone como chegou ao poder em 1998 — conversas amenizadas com flashbacks de imagens de cada época —, após as violentas revoltas sociais do final dos anos 80 e início dos anos 90, e uma primeira tentativa frustrada em 1992. Apoiado em declarações do historiador Tariq Ali, Stone faz um percurso pelos países latino-americanos "amigos" de Chávez e, certamente, inimigos dos Estados Unidos — na época de Bush — e do FMI.

Stone fecha a narração com imagens da participação de Barack Obama na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago — mas a frase final é de Chávez: "É possível mudar o mundo e a história. É possível, Oliver", diz o presidente venezuelano.

Ainda sem distribuidor nos Estados Unidos, South of the Border pode ser visto pelo público nesta segunda-feira no Festival de Veneza, que termina na próxima semana. Especula-se que o presidente venezuelano comparecerá ao evento para assistir à produção. Contudo, ainda não há confirmações. "Estou avaliando ir a Veneza", disse ele, que foi convidado pelo cineasta norte-americano.

Mas antes, segundo Chávez, "vêm as obrigações políticas". O governante realiza desde a última semana uma viagem internacional, com escalas na Líbia, Síria, Argélia, Irã, França e Espanha.

Da Redação, com agências