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COI reconhece capacidade do Brasil para os Jogos de 2016

O Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou nesta quarta-feira (2) o relatório da Comissão de Avaliação que visitou as quatro cidades candidatas aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, entre elas o Rio de Janeiro. No relatório, o projeto do Rio foi o único considerado de “muito alta qualidade”, o maior conceito de todos. Os demais foram classificados como “boa qualidade”, sendo que Madri, apenas como “qualidade variável”.

Em entrevista coletiva concedida no Palácio da Cidade, no Rio, na tarde do dia 2, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse que o relatório “demonstra a consistência do projeto Rio 2016 e a confiança internacional no nosso país”. Para ele, “se alguém tinha dúvida sobre a capacidade de o Brasil fazer os Jogos, essa dúvida foi dirimida com o relatório”.

O ministro informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou satisfeito com a aprovação do projeto brasileiro. “Lula acredita que o relatório do COI mostra a confiança do mundo no Brasil, reconhece que o país é destino seguro para investimentos e para a realização dos Jogos”.

O documento do COI ressalta que a candidatura brasileira entende “o poder dos Jogos de transformar uma cidade, uma região e um país” e “abarca um excelente plano de legado”. Neste aspecto, o ministro avalia que o COI compreendeu e aprovou o conceito da candidatura do Rio de Janeiro de ter o esporte como instrumento de inclusão social. “Eu quero transmitir ao povo brasileiro a nossa confiança de que podemos sim realizar o sonho olímpico no Brasil”.

Um fator em especial guiou as análises e foi considerado determinante para a Comissão de Avaliação do COI: o engajamento dos três níveis de governo e da iniciativa privada, bem como a existência de um comitê olímpico nacional estruturado, que atuariam de modo coordenado na organização dos Jogos no Rio de Janeiro. O projeto brasileiro prevê que a realização das Olimpíadas de 2016 ficaria a cargo do Comitê Organizador dos Jogos e da Autoridade Pública Olímpica (APO), a ser criada.

A APO é a materialização do compromisso dos três entes federativos brasileiros de centralizar em um só órgão toda a coordenação de serviços públicos e a entrega da infraestrutura necessária à realização dos Jogos, caso sejam realizados no Rio. A estrutura da APO deverá conter, entre outras, divisões dedicadas a tráfego e transporte olímpico, segurança, sustentabilidade, promoção e marketing dos Jogos e preparação das subsedes do futebol. Deverá assegurar a entrega do Parque Olímpico e de todas as demais instalações nos prazos previstos. E supervisionar projetos de regeneração urbana.

Entre os planos para o projeto urbano do Rio 2016, destacam-se melhorias no sistema de transporte, que ganham apoio complementar aos itens descritos no Dossiê de Candidatura entregue ao COI em fevereiro deste ano. O governador Sérgio Cabral anunciou, durante a coletiva de imprensa no Rio, que, além do corredor de ônibus expresso T5 (BRT), que ligará a Barra da Tijuca, coração dos Jogos, à Penha, e da Linha 4 do metrô, ligando a Barra da Tijuca a Ipanema, na zona sul, o planejamento para o transporte da cidade contará, até o final deste ano, com mais melhorias: dia 17 de dezembro, serão inauguradas a linha 1A do metrô, que fará a ligação da Central do Brasil com Botafogo e eleva a capacidade de passageiros na rede metroviária de 500 mil atuais para 800 mil ao dia, e a estação Ipanema.

“A proposta olímpica é completamente conectada com o planejamento urbano de longo prazo da cidade ao mesmo tempo que atende aos requisitos do Comitê Olímpico Internacional”, disse na coletiva o prefeito do Rio, Eduardo Paes, explicando que o projeto para os Jogos conta com investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, o que foi sublinhado no relatório do COI. “Muitos projetos do plano de desenvolvimento da cidade seriam acelerados para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016”, relata a Comissão. O prefeito aproveitou para agradecer à população brasileira pelo apoio à iniciativa de disputar o direito de sediar as Olimpíadas de 2016, lembrando que os Jogos serão de todo o País, “porque, se não fosse a pujança da economia nacional e a criatividade do nosso povo, o projeto olímpico do Rio não teria adquirido credibilidade e a cidade não teria chegado a este momento da disputa em condições de ser escolhida como sede das Olimpíadas de 2016”.

O ministro Orlando Silva chamou a atenção ainda para o fato de que “continua sendo forte para a campanha Rio 2016 o item Garantias Governamentais, que são sólidas, consistentes, e foram muito bem recebidas pela Comissão de Avaliação”. Quanto ao financiamento dos Jogos Olímpicos, a Comissão apontou “confiança” de que a economia brasileira em expansão e pouco afetada pela crise mundial proveria o suporte necessário à infraestrutura demandada para os Jogos. O orçamento dos Jogos no Brasil foi considerado bem preparado, “com uma grande quantidade de detalhes”. O ministro do Esporte sublinhou que, do total de investimentos em ações estruturais – R$ 23,2 bilhões –, dois terços estão sendo executados ou estão planejados para os próximos anos. Ele lembrou que a experiência de realizar os Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos Rio 2007, também ressaltada no relatório do COI, trouxe uma “grande aprendizagem que leva a uma maior segurança e confiança na realização de grandes eventos esportivos no País”.

O ministro ainda ressaltou que o documento do Comitê registra em diversos momentos os legados que a candidatura brasileira se compromete a deixar à cidade do Rio e ao Brasil, sendo que o próprio relatório menciona o fato de que alguns programas de legado já estão sendo desenvolvidos na área social proporcionando inclusão por meio do esporte. Neste aspecto, o maior projeto de legado da candidatura brasileira é a expansão do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, que hoje atende 1 milhão de crianças e jovens em todo o País e se compromete a chegar a 3 milhões ao ano até 2016. Orlando Silva citou ainda a implantação do Centro Olímpico de Treinamento (COT) como o projeto que simboliza o legado esportivo dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.

Os Jogos Pan-americanos de 2007 também foram citados pela Comissão de Avaliação como uma experiência positiva para propiciar a continuidade do trabalho das equipes que organizaram o evento continental e que agora estão engajadas nos preparativos pra o Rio 2016.

O governador Sergio Cabral fez coro: “O Rio de Janeiro já provou sua larga experiência em organizar eventos internacionais”, disse, destacando a segurança pública como exemplo das ações integradas desenvolvidas para o Rio 2007: “O novo modelo de segurança do estado do Rio de Janeiro vem apresentando conquistas que estão expressas no relatório do COI”, disse o governador. No documento, a Comissão de Avaliação cita que “uma apresentação clara da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça, demonstrou como o aumento da segurança pública e a redução de crimes foram alcançados nos últimos anos através de uma mudança de abordagem, passando a incluir programas de policiamento e programas sociais com atividades esportivas para integrar de forma mais eficiente áreas carentes do Rio, reduzir a criminalidade e aumentar a participação dos jovens na prática esportiva”.

O grande destaque da mudança na condução da política de segurança no Rio e no País, plenamente demonstrado à Comissão de Avaliação do COI, é o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do governo federal em parceria com estados e municípios, que abarca 94 ações de prevenção e combate à violência e de inserção social. Maior programa de segurança pública da história do Brasil, articula políticas de segurança com ações sociais; prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública. A Comissão de Avaliação compreendeu a abrangência e a inovação do programa já na época da visita dos avaliadores ao Rio, de tal modo que o diretor executivo dos Jogos Olímpicos no COI, Gilbert Felli, registrou na ocasião que “Estamos surpresos pela nova maneira de lidar com a segurança pública apresentada pelo governo”.

O Rio de Janeiro concorre com Madri (Espanha), Chicago (EUA) e Tóquio (Japão). O anúncio da cidade que sediará os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 ocorrerá no dia 2 de outubro em Copenhague, na Dinamarca.

Fonte: Ministério do Esporte