Cúpula de Bariloche proclama América do Sul como zona de paz
Os presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) aprovaram uma declaração em que reafirmam um acordo para consolidar una zona de paz local e rechaçam a presença de forças militares estrangeiras que ameacem a soberania e a integridade de qualquer nação, bem como a paz e a segurança da região. A declaração responde ao projeto dos Estados Unidos, de manter tropas em sete bases militares na Colômbia.
Publicado 29/08/2009 13:08
"A presença de forças militares estrangeiras não pode, com os seus meios e recursos vinculados a objectivos próprios, ameaçar a soberania e a integridade de qualquer nação sul-americana e em consequência a paz e a segurança da razão", lê-se no texto da declaração final da cúpula realizada em Bariloche, na Argentina.
O texto inclui, também, uma chamada para "uma reunião extraordinária de ministros das Relações Exteriores e da Defesa, para que (…) apresentem medidas de fomento da confiança e da segurança", segundo a declaração final do encontro.
Essa foi a principal resolução na difícil busca de consenso da reunião, sob forte tensão desde que a Colômbia permitiu que os Estados Unidos instalem sete bases militares em seu território, em julho.
Os doze países membros da Unasul expressaram, além disso, sua vontade de "reafirmar o compromisso de fortalecer a luta e a cooperação contra o terrorismo e a delinquência organizada, o tráfico de armas e a ação de grupos armados à margem da lei", diz também o texto aprovado.
"Respeitamos a soberania de cada país. Mas queremos nos resguardar, seria importante que no tratado existam garantias jurídicas ou um fórum internacional para isso", disse o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao expor sua posição sobre a presença militar americana na região.
"Não podemos permitir uma presença militar estrangeira em nosso território, é um mandato que nos dão nossos povos. É uma presença política e militar para controlar os demais países da região, afirmou o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Para Evo, "essas bases tratam de gerar desconfiança entre nós e não podemos vender a soberania de nossa região. "Pensar que a presença militar dos Estados Unidos na Colômbia vai melhorar o combate ao terrorismo é um engano", acrescentou.
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, destacou que, apesar de o tema ser delicado, é importante "sermos capazes de desfazer tensões e também mantermos a integração".
"Creio que necessitamos ser capazes de adotar uma visão comum e integrar a agenda de segurança de nossas nações", disse Michelle, observando que o combate ao narcotráfico deve ser uma tarefa da polícia e não dos militares.
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, disse que seu país "rejeita, historicamente, há 200 anos, a instalação de bases militares estrangeiras" em seu território: "Tampouco achamos que devam existir em algum dos nossos países da América do Sul", agregou.
Da redação, com agências