Lula: Só há crise política porque não houve colapso econômico
"Agora intentam, artificialmente, substituir o colapso econômico que não aconteceu por uma crise política que só a eles interessa e a ninguém mais nesta nação", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento no ABC Paulista. Sem citar nomes, Lula defendeu ponto por ponto sua política econômica, inclusive as expressões "espetáculo do crescimento" e "marolinha", e alfinetou a imprensa brasileira.
Publicado 25/08/2009 22:09
"Eu fico orgulhoso porque não sou só eu que falo mais, não. É só ler… Se vocês lerem a imprensa brasileira, vocês vão ver pouco. Mas leiam a imprensa estrangeira especializada em economia para vocês verem o que falam do Brasil a Alemanha, a França, a Espanha, a Inglaterra, os Estados Unidos, todo o mundo. Só aqui uns poucos aprenderam a vender só desgraça. Mas os números desmentem qualquer invenção teórica", polemizou.
"Miudezas estéreis e, não raro, desrespeitosas"
O longo discurso abordou diversos aspectos da política econômica, dos impostos às exportações, as reservas, a inovação tecnológica. Criticou "os meninos do Sindicato" por "querer que baixe os juros toda hora", dizendo que "estou com o olho no juro, como o olho na criação de emprego, mas estou com o olho na inflação também". E criticou a "cautela exagerada" ("Vejam a minha delicadeza: cautela exagerada") dos "empresários brasileiros de alguns setores", responsável pela " brecada que nós demos nos meses de novembro, dezembro e janeiro", que comparou a um cavalo de pau".
Sem citar nomes de políticos nem partidos, Lula distribuiu várias contestações a seus opositores. Atacou "a política pequena", "o engajamento em miudezas estéreis e, não raro, desrespeitosas, mas em torno das quais, infelizmente, se agarram num abraço de afogados certas esferas da vida nacional".
"A síntese da diferença entre nós e esses críticos é que mais de 500 mil brasileiros deixaram a linha da pobreza desde outubro de 2008, quando fervilhava o colapso do subprime nos Estados Unidos", disse o presidente.
A "singularidade" do Brasil do pré-sal
O pré-sal, cujo marco regulatório deve ser anunciado na próxima segunda-feira (31), ficou para o fim. "O meu compromisso é que parte do fundo que nós vamos criar com o dinheiro do petróleo seja destinada a recuperar o atraso educacional deste país, a recuperar o atraso tecnológico deste país e utilizar uma boa parte para acabar com a pobreza deste país", disse Lula.
Ele destacou que "não existe nenhuma empresa no mundo" com invetimentos como os previstos pela Petrobras, de US$ 174 bilhões até 2012. "Só navios, nós vamos ter que contratar mais de 200 navios. Só sondas serão 38. E nós queremos é que o valor, que os componentes nacionais sejam maioria em toda essa produção", defendeu.
Para o presidente, o Brasil é "uma economia destinada a ser uma das grandes exportadoras de derivados do petróleo do século 21. Com uma singularidade em relação a todas as demais: trata-se de uma economia industrializada, de um mercado de consumo de massa com mais de 100 milhões de pessoas e de uma democracia forte, sólida e sustentada pela consciência política do seu povo e cada vez menos tutelada pelo interesse elitista", sublinhou.
Cobrança sobre a propaganda de Serra
Em outra passagem, Lula se queixou de que "nem sempre" a ajuda federal aparece nas propagandas de televisão de prefeitos e governadores. Exemplificou que "poderia pegar o Rodoanel aqui [a grande obra dos governos tucanos de São Paulo, que passa pelo ABC], que de R$ 3,6 milhões que custa esse Rodoanel, R$ 1,2 bilhão foram dinheiro do Orçamento Geral da União".
O presidente mencionou em seu discurso o líder do PT no Senado, Aloízio Mercadante (veterano frequentador de portas de fábrica do ABC). Presente no encontro, Mercadante vwm sendo esquartejado pela mídia por não ter a ajudado a derrubar José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado. Lula pediu para "o Aloizio colocar no Twitter dele" uma retificação sobre como serão distribuidos os recursos do pré-sal.
Da redação, com Presidência da República e agências