Rafael Correa e o novo Equador
O presidente equatoriano Rafael Correa iniciou um novo mandato com um país muito diferente do conhecido em janeiro de 2007, quando chegou pela primeira vez à chefatura do Estado com uma Constituição neoliberal. Em apenas dois anos e meio, Correa logrou cinco vitórias nas urnas que lhe permitiram elaborar uma nova Carta Magna e realizar transformações políticas, sociais e econômicas, e assegurar a continuação de sua proposta de mudança, denominada Revolução Cidadã.
Publicado 19/08/2009 11:50
No plano interno, impulsionou um programa de construção de milhares de moradias populares para a população mais pobre, que durante décadas viveu marginalizada pelas administrações anteriores. Com sua chegada ao poder, em inícios de 2007, estabeleceu a entrega do Bônus de Desenvolvimento (30 dólares) para as famílias de baixa renda, o qual aumentou agora em cinco dólares.
Impulsionou outra série de programas destinados a acabar com a desnutrição infantil, a mendicância e os meninos de rua, assim como melhorar as condições dos centros penitenciários. Renegociou mais de um terço da dívida externa do país e obrigou as companhias petroleiras estrangeiras a mudar seus contratos para ampliar as rendas do Estado.
O mandatário aboliu o trabalho por hora, forçado, e a intermediação laboral e elevou o salário mínimo para 218 dólares. Com o respaldo da cidadania e o apoio de seu movimento Aliança País, o qual agrupa diferentes tendências políticas, instalou uma Assembleia Constituinte, que elaborou uma nova Constituição, a qual desterrou o modelo neoliberal e promove agora o desenvolvimento de uma economia solidária.
A aproximação com as nações do sul e a busca de novos sócios políticos e comerciais deram um giro à política exterior equatoriana, que antes só respondia aos interesses de Washington. Essa conduta fortaleceu a posição do Equador nos cenários internacionais e em especial na América Latina, onde avançam processos integracionistas com a União de Nações Sul-americanas (UNASUR) e a Aliança Bolivariana para os povos de Nossa América (ALBA).
Esses passos propiciaram que o chefe de Estado mantivesse durante seus primeiros dois anos e meio de mandato um respaldo popular de cerca de 70% e sua aplastante vitória com mais de 60% de votos nas eleições de 26 de abril último.
Correa – segundo analistas locais – se ergue hoje como a única alternativa de mudança nesta nação andina, na qual os velhos líderes e politiqueiros se afogam na sombra diante de uma sociedade que clama por mais transformações.
As expectativas agora estão centradas em sua promessa de aprofundar e radicalizar sua proposta de Revolução pacífica e cidadã. "Ratificarei com todas as letras, com toda clareza, as opções preferenciais de nosso governo e estas serão pelos pobres, pelos jovens e pelos nossos povos ancestrais", destacou o dignatário na véspera de sua posse, durante a cerimônia de assunção indígena celebrada na comunidade de La Chimba, a 70 quilômetros ao norte de Quito.
"Esta revolução bolivariana e alfarista a serviço dos mais fracos não tem retorno, vamos radicalizar esta revolução em paz, e para isso não vamos utilizar balas ou pedras, senão lápis, caminhos e dignidade", enfatizou.
Com Prensa Latina