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Há um ano no governo, Lugo admite falhas e promete avanços

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que completou no sábado(15) um ano de governo, fez um balanço de sua gestão e afirmou que não conseguiu cumprir alguns dos objetivos fixados há um ano, quando assumiu o poder. Mas assegurou que não perdeu "a esperança e a vontade".

"Pessoalmente, e como equipe, não estamos satisfeitos com tudo o que conseguimos", disse Lugo.  O presidente também admitiu que ainda não foi possível "arrancar com mais força em um dos eixos fundamentais da campanha, que é a reforma agrária integral", mas se justificou dizendo que não contava com verbas para este fim nos orçamentos do Estado.

"Acho que também há erros na Administração, no sentido de que não chegamos às camadas inferiores com a luta contra a corrupção", declarou o presidente.

Por outro lado, ele destacou o acordo com o Brasil sobre a venda da energia da usina hidrelétrica de Itaipu como um dos principais avanços do primeiro ano de governo e afirmou que agora tentará negociar com a Argentina os valores a receber pela energia gerada na usina hidrelétrica de Yacyretá, dividida pelos países no rio Paraná.

Desafios

Para o sociólogo Emir Sader, secretário-geral do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), além das negociações e revisões de tratados energéticos, o presidente Lugo tem outros desafios, como a reforma agrária, o combate à corrupção, à violência e à informalidade da economia.

Ele acredita que o impedimento para a realização de grandes mudanças no Paraguai é o fato de o partido de Lugo (Aliança Patriótica para a Mudança) não ter ganho força dentro do país. Por esta razão, ele precisou formar aliança com vários partidos tradicionais, inclusive porque os movimentos sociais demoraram a acreditar que era possível derrotar eleitoralmente ao Partido Colorado. “Quando finalmente eles resolveram participar, eles o fizeram divididos, elegendo apenas dois parlamentares”, afirmou Sader em entrevista.

Popularidade

De acordo com pesquisa do jornal paraguaio Última Hora divulgada sábado, 20% dos entrevistados consideram que Lugo iniciou bem o governo, enquanto 3,3% acreditam que o trabalho do presidente é "muito bom".

Há seis meses, um estudo da mesma publicação apontava uma aprovação de 38,3%, 15 pontos percentuais a mais que nesta última análise.

Em contrapartida, 51,1% consideram que a gestão foi “regular”, 20,4% que Lugo tem desempenhado uma gestão "ruim" e 3,2% um governo "muito ruim".

De acordo com Emir Sader, a queda da popularidade é explicada pelo fato de todo governo ter um desgaste depois do início, “ainda mais um presidente que suscitou tantas expectativas”, lembra.

Quando Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai, em abril de 2008, as expectativas de transformação eram grandes. Desde 1947, o país não elegia um mandatário que não fosse do Partido Colorado. Escolhido por mais de 40% da população para um governo de cinco anos em uma eleição com índice de participação de 65% dos cerca de 500 mil eleitores.

Para Emir Sader, a eleição do primeiro presidente de oposição ao Partido Colorado representou um processo de superação de um regime de sete décadas, em que foi construído um partido-Estado.

A editora do caderno político do jornal Última Hora, Estela Ruiz Diaz, explica que não foi apenas pelo fim da “hegemonia colorada” que se criou uma grande expectativa, mas também porque Lugo é um ex-bispo ligado à Teologia da Libertação.

Outro fator que pode ter contribuído para a queda de popularidade de Lugo neste ano foi a acusação do ex-bispo ser pai de três crianças. Ele assumiu a paternidade de um menino, concebido quando ele ainda exercia seu bispado, em 2007. Lugo se desculpou com a nação e, na ocasião, descartou a possibilidade de renunciar.

 

Fonte: Opera Mundi