Chávez diz que Obama está "pedido" e repudia bases dos EUA
Embora dizendo que não duvida das boas intenções de Barack Obama, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou neste domingo que Barack Obama, está "perdido em um labirinto". O anúncio de que os Estados Unidos terão sete bases militares na vizinha Colômbia e o repúdio ao golpe em Honduras foram os temas de política externa de Chávez em seu programa dominical de TV, Alô Presidente.
Publicado 16/08/2009 20:56
Chávez advertiu para os efeitos de uma agressão militar à Venezuela. "Uma agressão contra a Venezuela receberia resposta não somente da Venezuela, mas de vários países que pegariam em suas armas. Isto é claro para mim, um grande movimento antiimperialista se levantaria nestas terras", previu.
"Que Deus nos livre", disse Chávez, "mas precisamos nos preparar para isso. E uma das melhores formas de evitar isso é demonstrar ao inimigo que seria tão custoso para eles agredir a Venezuela que eles se arrependeriam", acrescentou, em resposta aos planos de aumento da presença militar americana perto de suas fronteiras.
"Um labirinto terrível"
A apreciação de Chávez sobre Obama foi crítica mas nuanceada, contrastando com sua opinião sobre o ex-presidente George W. Bush, que ele comparou ao demônio. Para o líder bolivariano, Obama está perdido.
"Obama anda perdido na névoa. Acredito que está entrando em um labirinto terrível. Obama não entende. Ele tem que estudar um pouco mais, é um homem jovem, cheio de boas intenções", declarou.
Para Hugo Chávez, o labirinto consiste em que a direita radical e racista dos EUA não aceita um presidente com a sua cor de pele. "Não o querem porque é negro", disse o líder bolivariano, ele próprio um mestiço de origem humilde, a quem a oposição conservadora chama de "mono".
"Agora, fazem uma campanha dizendo que [Obama] não nasceu no Havaí e sim na África. Por isso, não se surpreendam se em algum momento, em que ele pretenda fazer profundas mudanças sociais, apareça um tribunal e o destitua dizendo que ele realmente nasceu na África."
Chávez polemizou com a declaração de Obama no México esta semana, considerando "hipocrisia" que os líderes latino-americanos critiquem os EUA por não agirem em Honduras, enquanto pedem que saiam do continente.
"Presidente Obama, nós da América do Sul não estamos pedindo que intervenha em Honduras. Pelo contrário, pedimos que o império retire, de uma vez por todas, suas mãos de Honduras e da América Latina", disse Chávez.
Ele afirmou ter informações fidedignas de que a ordem para sequestrar e expulsar o presidente hondurenho, Manuel Zelaya, no dia do golpe, partiu da base militar estadounidense de Palmerola. Instalada em território de Honduras, a base serviu nos anos 1980 como apoio à "guerra suja" contra a Nicarágua Sandinista e as guerrilhas em El Salvador e Guatemala.
"Converteram Honduras em uma plataforma imperialista para agredir os povos centro-americanos. E os governos que trataram de frear a agressão ianque foram derrocados, inclusive Zelaya", disse Chávez. Ele pediu que Obama retire a base de Palmerola.
Da redação, com agências