Correa assume propondo maior controle a excessos da imprensa
Rafael Correa assumiu, nesta segunda-feira, seu segundo mandato consecutivo como presidente do Equador, com a promessa de avançar até uma "segunda independência". Em seu discurso, ele críticou aos "excessos da imprensa", propondo um maior controle sobre ela. Também condenou as bases americanas na Colômbia e defendeu um reforma em setores da economia.
Publicado 11/08/2009 12:23
"Temos que perder o medo e propor formas de controlar os excessos da imprensa. Temos que assumir as rédeas neste assunto, somos nós que vencemos as eleições, não os gerentes desses negócios lucrativos que se chamam meios de comunicação", disse.
Segundo ele, a imprensa foi o maior adversário de seu governo, "com claro papel político, mesmo que sem nenhuma legitimidade democrática".
Aos 46 anos, economista, formado nos Estados Unidos e na Europa, Correa disse que continuará defendendo a "supremacia do ser humano sobre o capital". Ele assumiu o segundo mandato com poderes reforçados e um grande apoio popular, porém também com o desafio de nefrentar o impacto da crise financeira afete seus planos de governo.
Diante de dezenas de autoridades locais e internacionais, Correa afirmou que a crise já passou no Equador, o menor país da Organização de Países Exportadores de Petróleo. E defendeu que sua gestão impediu que a queda nos lucros por causa da baixa do preço do petróleo e da redução de remessas afetasse os setores mais vulneráveis da sociedade.
Em seu novo mandato de quatro anos, ele apelará a reformas em setores chave da economia para obter mais verbas para seus projetos sociais e aumentar o controle estatal em áreas privadas, respaldado pelos maiores poderes que adquiriu com a aprovação da nova Constituição, ano passado.
Cerca de 40% dos 14 milhões de habitantes no país andino vivem na pobreza. E três milhões de equatorianos vivem no extrangeiro. Desde que o equador retomou o caminho democrático, em 1979, Correa é o primeiro presidente reeleito. Também foi o único a terminar o mandato, na última década.
Com 50% de aprovação popular, ele disse que aprofundará o controle estatal na indústria petroleira, para incrementar a produção e avançar na renegociação da dívida externa.
O mandatário pediu ainda aos membros da Unasul que unam forças para impulsionar a atividade comercial na região.
Seu discurso também não passou ao largo das tensões com a Colômbia, país com o qual não tem relações diplomáticas há mais de um ano, desde que Bogotá bombardeou um acampamento das Farc em território equatoriano.
"Se a Colômbia nos diz agora que o uso das bases militares é um problema estritamente colombiano, eu qualifico como uma dupla moral", afirmou Correa, antes de se perguntar "por que não se diz o mesmo sobre os programas nucleares de países classificados como hostis a certos centros de poder?".
Segundo ele, "simplesmente porque ali os ameaçados são eles, enquanto aqui os ameaçados somos somente latino-americanos", respondeu a si mesmo o líder, que foi interrompido pelos aplausos dos presentes à cerimônia oficial de posse.
Com agências