Disputa na Bahia entre Geddel e Gabrielli pode influir na CPI
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, inspira cuidados especiais nessa etapa que antecede o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigará a Petrobras. Um dos principais líderes do PMDB, com forte controle das bases do partido na Bahia, Geddel desconfia dos planos políticos do presidente da Petrobras, o também baiano José Sérgio Gabrielli, e o vê como um potencial rival na disputa por uma cadeira ao Senado nas próximas eleições.
Publicado 30/07/2009 17:03
De nada adiantaram até agora os recados enviados por Gabrielli, nos bastidores, para dissuadir os temores do ministro da Integração Nacional. O receio entre interlocutores próximos ao presidente da estatal é de que as motivações da disputa regional na Bahia acabem por se refletir no andamento da CPI do Senado.
Mais concretamente, o que se teme é que Geddel alimente os integrantes da CPI com informações e denúncias que possam comprometer a direção da Petrobras e enfraquecer diretamente Gabrielli. Os patrocínios destinados a prefeituras e movimentos sociais no Estado são alguns dos alvos que o ministro do PMDB pode escolher para atingir o rival.
A insatisfação de Geddel com as iniciativas do governo federal na política baiana passam também pela resistência do governador Jacques Wagner, do PT, de assegurar uma aliança com o peemedebista para as próximas eleições, apoiando suas pretensões ao Senado ou mesmo para o governo estadual. Wagner pleiteia a reeleição e enxerga o ministro como um adversário difícil e ardiloso.
A Bahia é um dos Estados em que a pretensão do presidente Lula de realizar uma aliança estratégica entre PMDB e PT enfrenta mais dificuldades.
Longe de representar apenas uma questão paroquial, o caso baiano ganha maior dimensão justamente pela ressonância nacional que pode alcançar no funcionamento da CPI da Petrobras.
As preocupações de Gabrielli em defender-se de possíveis movimentos hostis de Geddel têm relação também com a sua própria reputação como executivo. No comando de uma das maiores empresas do mundo e um símbolo da força econômica brasileira, ele tem uma biografia a zelar e um futuro profissional pela frente, que dependem justamente da avaliação que receberá ao final dos trabalhos do inquérito parlamentar.
Agência Estado