Resposta de um presidente deposto a um jornalista pró-golpe
O golpe militar deste domingo (28) em Honduras proporcionou novos e tocantes exemplos de como funciona a mídia ''criolla'', especialmente em momentos de tensão. Como esta passagem da coletiva do presidente Manuel Zelaya no aeroporto de San José da C
Publicado 29/06/2009 03:04
Zelaya estava de pijama. Tivera sua residência em Tegucigalpa invadida, durante a madrugada, por soldados armados, disparando tiros. No entanto, o foco dos jornalistas – na maioria centro-americanos – era o dos golpistas.
Um dos repórteres quis saber por que o presidente ''não desistiu da consulta eleitoral que fora catalogada como inconstitucional pela Corte Suprema de Justiça e o Ministério Público''. Outro perguntou: ''Esta situação política não deriva do desacato pelo senhor de uma ordem emanada pela Corte Suprema de Justiça?''
A resposta de Zelaya entrará para o longo anedotário dos golpes militares latino-americanos: ''Se a realização de uma consulta [eleitoral] não vinculante é motivo para se arrancar um presidente de sua moradia na ponta de fuzis, colocá-lo em um avião e tirá-lo do país, e isso é democracia, de que democracia estamos falando?''
O comportamento da maioria dos sites dos jornais brasileiros acompanhou essa postura hostil à democracia. O do Estado de S. Paulo não usou uma só vez a palavra golpe. O da Folha de S.Paulo recorreu a um estratagema ainda mais hipócrita, referindo-se a um ''aparente golpe de Estado''. Dos maiores jornais, penas O Globo, justiça se faça, usou sem rodeios a palavra proibida.
Ficou explícito o posicionamento da mídia mercantil ''criolla'' na extremidade direita do espectro político latino-americano. Entre os governos, todos condenaram a quartelada, até o do presidente colombiano Alvaro Uribe. Entre os órgãos de imprensa, prevaleceu a linha de argumentação dos golpistas.
Da redação, com agências