Vietnã quer implantar indústria de células-tronco
A recente criação do primeiro banco de células-tronco do Vietnã foi considerada como o ''prelúdio'' de uma indústria vietnamita de células-tronco pelo professor-doutor Toàn Thang Phan. Especialista neste domínio desde 2004, ele trabalha na Universidade Na
Publicado 28/06/2009 00:02
Como se pode descrever o caminho das pesquisas com células-tronco no Vietnã?
Os resultados obtidos nos últimos três anos, inclusive a criação do primeiro banco de células-tronco no Vietnã, lançaram as bases de uma nova indústria, capaz de não só satisfazer as necessidades internas, mas também gerar um novo segmento exportador. Quando seu desenvolvimento amadurecer o bastante para atingir o estágio de comércio, para tratamento de traumatismos ou estético, esta área vai gerar muitos empregos de alta qualificação.
A Empresa de Biologia e Medicina de Regeneração criada no Vietnã dedica-se à pesquisa nesta área. Além disso, a Universidade Nacional de Cidade Ho Chi Minh, a de Medicina de Hanói e o Instituto de Medicina Militar fizeram vários estudos com a produção de células-tronco e suas aplicações na vida quotidiana. Os primeiros resultados, encorajadores, já surgiram. Isto explica por que o setor atrai agora a atenção não só de funcionários do governo e pesquisadores, mas também de empresas e até indivíduos. As células-tronco já começam a ser comercializadas.
As primeiras investigações sobre células-tronco foram aplicadas ao tratamento de queimaduras, a partir da década de 90. Porque houve poucos progressos depois disso?
Desde 1994 foram feitas muitas pesquisas sobre o uso de células-tronco para tratar queimaduras, mas os resultados não foram suficientemente satisfatórios; daí a passagem a estudos sistemáticos últimos três anos. O crescimento dos recursos humanos e dos investimentos, estatais e empresariais, permitiu alcançar muitos avanços e generalizar outros, dando um novo impulso à pesquisa com estas células.
O importante é saber em que pé estamos e quais são as vantagens e desvantagens… As respostas a estas questões nos permitirão fornecer orientações adaptadas à realidade, ao mesmo tempo em que tratamos das dificuldades, inclusive, na minha opinião, a falta de recursos. Por isso é preciso ter sempre em mente o custo-benefício na pesquisa desta tecnologia e suas aplicações.
Singapura tem apenas alguns anos de dianteira sobre o Vietnã, mas está bem mais avançada. Por quê?
Sim, Singapura começou a explorar esta tecnologia quatro ou cinco anos antes de nós. Inicialmente, como o Vietnã, conseguiu usar células-tronco no tratamento de câncer e em enxertos cutâneos para vítimas de queimaduras. Em seguida, a partir de 2000, a pesquisa em Singapura desabrochou, em minha opinião, graças a dois fatores decisivos, que são os recursos humanos e financiamento. Por isso aquele país ultrapassou nossa pesquisa.
Como fazer, na sua opinião, para reduzir as diferenças entre o Vietnã e outros países nesta área?
Acho que devemos dividir a pesquisa com células-tronco em dois grupos, um dedicado à pesquisa de base e outro à sua aplicação. Gigantes como os Estados Unidos e o Japão têm décadas de primazia nesta área, com infraestrutura moderna e grande experiência. Por isso é difícil alcançá-los. Devemos assimilar os progressos que nos são transferidas por peritos estrangeiros. Mas poderíamos nos dedicar a aplicações terapêuticas, o que reduziria o preço a pagar por nosso atraso, e também pouparia erros, perdas e becos sem saída… A recente criação do Banco de Células-Tronco MekoStem vai permitir que nos aproximemos gradualmente desses gigantes.
Toàn Thang Phan, professor do Departamento de Cirurgia da Universidade Nacional de Singapura, é o autor da tecnologia de cultura e conservação de células-tronco da membrana do cordão umbilical. Quatro anos atrás, esta descoberta teve repercussão no círculo de pesquisadores da área. Nascido em 1968 em Hanói e formou no Instituto de Medicina Militar em 1991, Thang Toàn trabalhou no Instituto Nacional de Queimaduras. Estagiou no Instituto de Pesquisa de Traumatismos da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). De 1997 a 2002, defendeu sua tese de doutorado e em seguida trabalhou no Departamento de Cirurgia Plástica da policlínica de Singapura. Em 2002-2004, lecionou no Instituto de Cirurgia Pediátrica da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA).