Câmara veta entrada de prisioneiros de Gunatânamo nos EUA
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou, nesta quinta (04), por maioria, uma emenda que proíbe a entrada no país dos detidos na base americana de Guantánamo, em Cuba, como parte de um projeto de lei de despesas para a segurança aérea.
Publicado 05/06/2009 12:18
Com 397 votos a favor e 25 contra, os deputados deram apoio à proposta que destina um orçamento de perto de US$ 15,7 bilhões à Administração de Segurança no Transporte (TSA), para o ano fiscal 2010.
Dentro dessa norma, a Câmara aprovou uma emenda patrocinada pelos republicanos Peter King e Mark Souder para que os supostos terroristas detidos em Guantánamo sejam incluídos em uma lista do Governo federal de pessoas com proibição de entrar nos EUA.
No Congresso, aumentam as pressões para que o presidente Barack Obama apresente um plano detalhado sobre o que fará com os 240 presos que permanecem em Guantánamo, uma vez que o centro de detenção realmente seja fechado.
Muitos republicanos, e alguns democratas, não querem que os detidos sejam transferidos a território americano, enquanto vários países europeus, que se mostraram dispostos a aceitar alguns dos presos, querem que os EUA assumam parte da responsabilidade.
A emenda de King e Souder foi aprovada com 412 votos a favor e 12 contra. O projeto inteiro tem que ser ratificado no Senado para se transformar em lei. A lista secreta, criada após os atentados de 2001, é conhecida em inglês como “no fly list” e nela as autoridades incluem os nomes das pessoas que não podem entrar em voos comerciais com destino aos EUA.
“Com a aprovação arrasadora da emenda, me estimula ver que os democratas estão começando a entender as sérias repercussões para a segurança nacional que tem a decisão do presidente Obama de fechar Guantánamo e possivelmente soltar réus perigosos nos EUA”, afirmou King em comunicado.
Ao apontar que pelo menos 74 dos detidos postos em liberdade pegaram de novo em armas contra os EUA, King insistiu que é “necessário e razoável” que as autoridades coloquem os presos de Guantánamo nessa lista. “Obrigar os americanos a se sentar ao lado de terroristas em voos comerciais seria degradante”, afirmou.
União Européia
No mesmo dia da decisão da Câmara norte-americana, países da União Européia concordaram em compartilhar informações sobre ex-detentos da prisão de Guantánamo que venham a ser aceitos no bloco, uma medida que pode ajudar os Estados Unidos a desativar o centro de detenção.
Washington tem procurado países que aceitem receber os prisioneiros. Reunidos em Luxemburgo, ministros do Interior dos 27 países da UE concordaram que os governos que estiverem cogitando receber ex-presos de Guantánamo devem informar os demais e compartilhar informações recebidas dos EUA antes de tomar uma decisão.
A União Européia tem interesse em ajudar Obama a cumprir sua promessa de fechar a prisão de Guantánamo, mas a liberdade de trânsito dentro do bloco significa que um ex-preso poderia facilmente viajar para um país que não o deseje.
Gilles de Kerchove, coordenador de contraterrorismo da UE, disse que o acordo é muito importante porque “materializou um sistema de compartilhamento de informações, confirmado politicamente no mais alto nível”. Ele acrescentou que cada país da UE manterá plena autonomia sobre receber ou não ex-detentos.
Na opinião de Kerchove, a desativação da prisão encravada em Cuba acabará com um elemento que favorece o radicalismo islâmico. “Isso é consistente com a nossa posição durante o governo Bush e sua política de guerra ao terror, que não estávamos de acordo com voos secretos (para o transporte de presos), de centros secretos de detenção, de tortura, de Guantánamo e afins.”
Fonte: Reuters