Hotel de norte americano é sede de laboratório clandestino
Acusado de possuir um laboratório clandestino de pesquisa instalado no hotel Rio Negro Lodge, de sua propriedade no município de Barcelos, localizado a 396 quilômetros de Manaus, o norte-americano Philip Aron Marsteller, entrou em contradição por diversas vezes numa audiência pública nesta terça (2) na Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados.
Publicado 04/06/2009 12:14 | Editado 04/03/2020 16:12
Depois de afirmar inicialmente que no local era feita pesquisa para a preservação do peixe tucunaré, ele em seguida negou a existência do Centro de Pesquisa “Peacock Bass”, como denominou, afirmando que lá funcionava apenas um alojamento para pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa).
Questionado pela deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), autora da proposta de audiência, se possuía algum documento comprovando um acordo de cooperação com o Inpa ou autorização do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para operar um laboratório na Amazônia, o norte-americano respondeu que foi elaborado um acordo com o Inpa, mas não lembrou de ter assinado o documento. Disse apenas que quem fazia pesquisa era o cientista Bruce Rider Fosberg do Departamento de Ecologia do Inpa. O Instituto nega qualquer cooperação com ele.
Philip Aron Marsteller afirmou que o empreendimento Negrotur Turismo, responsável pelo hotel de luxo, estava no nome de sua mulher Ruth e recebeu da Agência de Fomento do Estado R$ 1,6 milhão. Ele destacou que sua atividade principal é o turismo de pesca e presta serviços sociais à comunidade como tratamento médico e odontológico.
Negou todas as outras irregularidades que resultaram em multas no valor de R$ 2,8 milhões em decorrência da Operação Rio Negro feita em abril numa parceria entre Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Receita Federal e Marinha do Brasil.
Na área do hotel, além do laboratório clandestino, ele foi autuado por fazer extração ilegal de madeira e areia, manter animais silvestres em cativeiro e uma marcenaria sem autorização.
O representante do Ibama, Luciano Evaristo, achou estranho o escritório local do órgão não ter autuado o norte-americano pelas duas espécies de besouros em extinção encontradas embaladas para o transporte no escritório do hotel. No local, hospedam-se mais turistas norte-americanos e outros estrangeiros o que torna o ambiente propício para a biopirataria.
Segundo o chefe da Divisão e Repressão da Receita Federal, José Pereira Neto, corre em segredo de Justiça um processo contra o empreendimento Negrotur Turismo, responsável pelo hotel de luxo.
"Trata-se de proprietário de um empreendimento que não se envolve só em pesca esportiva, tem atividades paralelas gravíssimas como manipulação de animais silvestres, pesquisa e material genético sem qualquer autorização”, disse a deputada Vanessa.
A Comissão da Amazônia programa agora uma diligência até o local. A proposta já foi aprovada, mas falta confirmar a data. Tudo que for apurado será encaminhado ao Ministério Público Federal.
De Brasília
Iram Alfaia
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