Nível do Jaguaribe cai mas alerta permanece

Famílias ainda não podem retornar às casas no Vale do Jaguaribe, mesmo com a redução do nível do rio Jaguaribe

Com a diminuição no volume de chuvas na região Jaguaribana e no Centro-Sul do Estado, o nível das águas tem baixado nas cidades ribeirinhas do Vale do Jaguaribe e saído de várias casas nos municípios de Limoeiro, Jaguaruana e Itaiçaba, que ainda têm a situação mais crítica de alagamentos. Mas a Defesa Civil orienta que as famílias devem continuar nos abrigos. Pela primeira vez, desde o início da estação chuvosa, o açude Castanhão registrou perda de volume de domingo para segunda-feira e deixou de acumular novos recordes de abastecimento.


 


O rio Jaguaribe está perdendo corpo e ganhando forma: menos uma imensa lagoa e mais um comprido de água. As águas continuam rolando, mas o nível baixou satisfatoriamente durante o fim de semana, tirando da inundação dezenas de casas nas áreas de influência não só do Jaguaribe, como dos rios Palhano e Banabuiú, e do riacho Araibú. Mas já que “seguro morreu de velho”, é preciso cautela redobrada: ninguém deve voltar para suas casas ainda. Primeiro porque as chuvas, apesar de terem diminuído, continuam insistindo em todo o Interior – ontem pela manhã o céu esteve nublado com pancada de chuvas em algumas cidades jaguaribanas; segundo porque o açude Castanhão continua liberando água para o Jaguaribe; e o terceiro forte motivo é a incerteza sobre a situação das casas, após dias de inundações.


 


Em Itaiçaba, o município mais atingido da região, houve diminuição das águas que invadiram as residências. Ontem pela manhã o nível era 70 centímetros menor do que nos dias mais críticos de cheia. “Mas não é muita coisa não”, afirmou o prefeito Frank Gomes. A zona urbana, que havia subido para 95% o índice de inundação, retornou aos 90% de área alagada ontem.


 


Em Jaguaruana, também no Baixo Jaguaribe, ontem pela manhã, o nível da água estava 74 centímetros menor, e muitas casas que estavam inundadas pelas águas já começam a ficar livres. “Mas, mesmo com menos chuvas, temos preocupação ainda com o Castanhão”, diz Luís Lopes, coordenador municipal da Defesa Civil.


 


Segundo a Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos, os rios que passam pela cidade influenciam mais com suas próprias águas (vindas das chuvas desde os afluentes) do que o valor que é liberado pelo açude.


 


Pela primeira vez, desde que teve início a quadra chuvosa do Ceará, o Castanhão sofreu pequena redução de acumulado, consequência da diminuição das chuvas nas bacias dos rios Salgado e Jaguaribe, na região montante da barragem. Ontem à tarde era registrada cota de 105,61 metros acima no nível do mar (ou 97,7% da capacidade) – a cota histórica esteve, semana passada, em 105,65 metros (97,8%). A diminuição de quatro centímetros, até ontem, deu-se pela menor vazão do rio Salgado, que ontem repassava 750 metros cúbicos por segundo de água para o reservatório, enquanto este continuava, por quatro comportas, a liberar 800 metros cúbicos para a calha do rio Jaguaribe.


 


“Acreditamos que a situação tende a ser agora de uma maior estabilidade, e não fique aumentando muito mais”, afirma o engenheiro do Dnocs, Ulisses de Sousa, coordenador do Complexo Castanhão e que, para manter o monitoramento, reside nas proximidades da parede do açude. O diretor da Cogerh, Francisco Teixeira, afirmou à reportagem que mesmo após o fim da quadra chuvosa no Ceará, algumas comportas devem continuar abertas, “mesmo que liberando um mínimo”, para garantir o equilíbrio para o período chuvoso do ano que vem.