Contra a crise, EUA e Brasil prometer agir juntos no G-20
O primeiro encontro de um chefe de Estado da América Latina, Luiz Inácio Lula da Silva o presidente do Brasil, com o novo líder da maior economia do mundo, o presidente dos EUA, Barack Obama, acabou com o anúncio da criação de um grupo de trabalho bi
Publicado 15/03/2009 16:26
As sugestões serão apresentadas na reunião de chefes de Estado e governo do grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20), marcada para o dia 2 de abril em Londres. Lula foi o terceiro líder a ser recebido por Obama após sua pose. Antes estiveram na Casa Branca os primeiros-ministros Taro Aso, do Japão, e Gordon Brown, do Reino Unido.
Após reunião com Obama, Lula afirmou que os países reunidos no G-20 devem dar uma resposta política firme para a crise. Os presidentes das nações integrantes do G-20 se encontram em Londres em abril.
“É importante levar em conta que em Londres estarão reunidos os líderes dos principais países do mundo. Ou seja, nós não podemos ir a uma reunião para ficar discutindo quem é o responsável (pela crise). Nós temos que sentar naquela mesa e encontrar uma solução”, afirmou Lula, acrescentando que vai ao encontro porque está otimista para a construção de soluções conjuntas.
“Estamos convencidos de que a crise pode ser resolvida com decisões políticas no G-20”, disse o presidente Lula. “Sou otimista, porque não há saída individual para esta crise”, insistiu, em coletiva na Casa Branca, ao lado de Obama.
Crédito já
Segundo Lula, é preciso restabelecer a política de crédito no mundo, principalmente para países emergentes e mais pobres. Ele lembrou também da importância de recuperar a confiança da população na economia.
“Cada país tem que voltar a fazer investimento em infraestrutura, em habitação, em educação, em saúde. O que nós precisamos, e eu tenho certeza que essa é a preocupação do presidente Obama e a minha, é criar empregos, gerar renda, gerar consumo, o que gera mais desenvolvimento”, receitou.
G-20 sem fissuras
O presidente dos Estados Unidos minimizou sugestões sobre um racha no G-20. Obama afirmou que não há discordância sobre a melhor maneira de enfrentar a crise, desmentindo rumores de que os EUA prefeririam adotar uma ação conjunta de estímulo fiscal e de crédito às economias, enquanto a União Européia estaria mais propensa a optar por uma maior regulamentação do sistema financeiro internacional.
Classificando a questão de um ''debate artificial'', Obama disse que não há um maior defensor da necessidade de uma reforma da regulação financeira do que ele próprio. “Há um consenso entre todos os países sobre a gravidade de uma situação onde a economia mundial se encontra comprimida”, afirmou Obama. “Todos concordamos sobre a necessidade de adoção de pacotes de estímulo econômico, bem como da reforma do sistema financeiro.”
Crise e protecionismo
Barack Obama argumentou que há pouco espaço para redução do protecionismo durante a crise financeira internacional. No entanto, ele disse que é preciso evitar retrocessos na abertura do comércio mundial.
“É importante que todos os países reconheçam que o comércio é o motor da economia. Nosso objetivo é, pelo menos, não retroceder em acordos com o Brasil”, disse Obama, reconhecendo que o momento é propício à criação de barreiras protecionistas: “Num momento de dificuldade econômica, em que pessoas estão perdendo emprego, acabamos pensando primeiro na gente”, explicou.
O presidente brasileiro concordou com Obama que é difícil avançar nas trocas comerciais atualmente. Ele lembrou, no entanto, que é exatamente o aumento do comércio mundial que pode contribuir para minimizar a crise. “Acho que na crise é mais difícil concluir o acordo (de Doha), mas a conclusão pode ser um dos componentes para aliviar a crise nos países mais pobres do mundo”, afirmou.
Comitiva de peso
Depois da entrevista coletiva em Washington, o presidente Lula chegou ao Hotel Plaza, de Nova York, no fim da tarde de sábado. O presidente estava animado com a visita à Casa Branca e acompanhado dos ministros Celso Amorim e Dilma Rousseff.
Na madrugada deste domingo, chegou ao hotel o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles. E, à tarde, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforça a comitiva que vai participar na segunda-feira (16) de um encontro com cerca de 250 empresários americanos, também no Plaza Hotel.
Neste domingo, Mantega deve fazer um relato para Lula das conversas que manteve em Londres com os ministros das Finanças dos Brics, em reunião preparatória para o G-20. O presidente Lula não tem compromissos agendados para o domingo em Nova York.
Na segunda (16), Lula de um fórum sobre economia organizado em Nova York por dois jornais especializados: o americano The Wall Street Journal e o brasileiro Valor Econômico. Neste seminário serão abordados diversos aspectos da economia brasileira, incluindo as alianças e associações do país em um novo entorno financeiro e a crise global, assim como suas relações internacionais.