Mulheres negras sofrem duplo preconceito
Construído ao longo dos séculos, o conceito de democracia racial no Brasil se mostra, na verdade, uma grande mentira. O IBGE mostra isso de forma clara, e em Rondônia não poderia fugir a regra nacional.
Publicado 05/03/2009 15:11 | Editado 04/03/2020 17:12
Constatou-se que o preconceito está presente em vários aspectos do cotidiano, inclusive na saúde. Ele faz com que um grande número de mulheres negras nunca tenha feito o exame clínico de mama, capaz de identificar o câncer em estágios iniciais. O quantitativo de mulheres brancas que nunca tiveram acesso a essa medida profilática é bem menor.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que as desigualdades entre a população brasileira, referenciam questões de raça e gênero e permitem assim identificar uma hierarquia social que coloca os homens brancos no topo, seguidos por mulheres brancas, homens negros e mulheres negras, que sofrem dupla discriminação: de raça e gênero. A mulher negra continua na base desta pirâmide.
No mercado de trabalho, por exemplo, a situação de negros e mulheres brancas em praticamente todos os indicadores analisados piorou embora elas tenham, um ano a mais de estudo do que os homens. Os dados evidenciam ainda a dupla discriminação que atinge as mulheres negras. Vítimas do racismo e do sexismo, elas ocupam os piores postos de trabalho, recebem os menores rendimentos e sofrem com as relações informais (como a falta de carteira assinada).No caso as empregadas domésticas,pescadoras, as mulheres quebradeiras de coco e entre outras que trabalham na ilegalidades, mas que os ajuntamentos de sindicato, associações e cooperativas tragam um pouco de justiça social ao trabalho.
As desigualdades observadas são persistentes em todas as áreas ao longo dos anos e que, apesar do esforço do atual governo em promover a inclusão – com a criação de secretarias com status de ministério, por exemplo: mulheres e racial -, as mudanças ainda são muito lentas. “O Brasil é racista e o preconceito é velado. As ações de governo para acabar com isso, em forma de políticas públicas, são tímidas perto do que deve ser feito”, lamentável e a política, como vem sendo feita no país, não se mostra eficiente para incorporar uma justiça de gênero, raça e classe. Portanto ser mulher é tarefa difícil e ser mulher negra duplamente difícil. Portanto é necessário, que as mulheres e mulheres negras estejam organizadas e lutando por espaços e direitos. É importante, principalmente a articulação de mulheres negras, para reparar alguns dos efeitos da desigualdade de social, raça e gênero, que dificultam que elas exerçam plenamente os seus direitos.
* Jamyle Vanessa é militante do Movimento Negro-UNEGRO, em Rondônia