Game pró-Bush premia jogador que matar mais mulçumanos
Islâmicos de vários países expressaram revolta contra um jogo online que nomeia como vencedor aquele que matar o maior número possível de muçulmanos — incluindo o profeta Maomé e Alá. Intitulado Muslim Massacre (Massacre Muçulmano), o game transforma o jo
Publicado 17/10/2008 21:07
“Por que algumas pessoas precisam inflamar ainda mais uma situação já tensa?”, pergunta o editor do jornal Gulf News, publicado nos Emirados Árabes Unidos, Nicholas Coates. “Ainda há muitos muçulmanos se remoendo a respeito das caricaturas do profeta Maomé publicadas em um jornal dinamarquês”, ressalta ele.
Segundo reportagem da BBC Brasil, supõe-se que o jogo tenha sido criado na Austrália, por um jovem que adota o pseudônimo de Sigvatr e que se diz inspirado na guerra contra o terror lançada pelo presidente americano George W. Bush. “Seria mera coincidência o jogo ter sido lançado durante o mês santo do Ramadã? Acho que não”, afirma Coates. “Foi uma ação pensada para coincidir com o aniversário dos ataques de 11 de setembro? Provavelmente”, conclui ele.
Como resposta à ofensa, uma associação de muçulmanos britânicos pediu que as autoridades tomem providências que levem ao fechamento do site. “Esse jogo glorifica a matança de muçulmanos no Oriente Médio e fazemos um apelo para que os provedores de acesso removam o site já que ele incita a violência contra os muçulmanos e tenta justificar o assassinato de pessoas inocentes”, diz um comunicado da Ramadhan Foundation.
“Encorajar crianças e jovens a matar muçulmanos em um jogo é inaceitável, de mau gosto e profundamente ofensivo”, afirma o presidente da associação, Mohammed Shafiq. “Se existisse um jogo parecido, mostrando muçulmanos trucidando americanos ou israelenses, a indignação seria mundial”, acrescenta.
Retratação
Ainda na última segunda-feira (13), veículos de imprensa noticiaram que o site havia parado de disponibilizar o game, exibindo uma retratação no lugar. “Gostaria de pedir desculpas publicamente por qualquer ofensa que possa ter causado”, dizia a mensagem na página, segundo a mídia australiana.
“Minhas intenções quando lancei o projeto eram tirar sarro da política externa americana e da percepção comum nos Estados Unidos de que muçulmanos são hostis”, acrescentava o texto. “Quero esclarecer que nunca compartilhei dessas crenças”, finaliza.
A surpresa, no entanto, foi que na última quinta-feira (16), o jogo novamente disponível para os internautas, com os dizeres “Não seja um liberal! Baixe o jogo agora”. Dessa vez, nenhuma atitude foi tomada pelas autoridades, mas algumas pessoas favoráveis ao jogo se manifestaram.
Dave Parrack, editor da revista online australiana Tech.borge, reconhece que o jogo é de mau gosto, mas questiona aqueles que o desejam proibido. “Defendo que, qualquer que seja a mensagem no centro do jogo, ele deve ter respeitado o seu direito de existir, meramente porque, ao pedir para que ele seja proibido, se pede também para que a internet seja censurada”, exagera Parrack.
Já o vice-reitor da Universidade Internacional do Egito, Hamdy Hassan, aponta para o potencial explosivo que o game pode ter na mente de muitas pessoas do mundo árabe. “Essa é a expressão de um ponto de vista radical”, afirma Hassan. O jogo, segundo ele, “mostra a animosidade que alguns ocidentais têm para com os muçulmanos — e vai certamente contribuir para o aumento das hostilidades entre os dois lados, ao invés de diminuí-las”.
Da Redação, com informações do Portal Imprensa