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Defesa da ditadura militar provoca protesto em audiência

O tenente de reserva do Exército, José Vargas Jimenez, que chefiou um dos grupos de combate à guerrilha do Araguaia, provocou protestos nesta quarta-feira (14) no plenário da Comissão de Direitos Humanos ao ler um e-mail defendendo a ditadura militar e

O documento foi enviado pelo coronel de reserva Lício Maciel, que também combateu os guerrilheiros na região do Araguaia. Jimenez participou de audiência pública para atualizar e resgatar informações sobre a Guerrilha do Araguaia.



O presidente da comissão, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), rebateu as acusações do coronel, argumentando que, na ditadura militar também existia corrupção, mas a divulgação dos casos era proibida.



O deputado Luiz Couto (PT-PB) ressaltou que, na democracia, os casos de corrupção são investigados e os culpados, presos. Na ditadura, destacou ele, a corrupção não era divulgada, não existia liberdade de imprensa, e os culpados acabam impunes.



Na opinião do relator do processo sobre a abertura dos arquivos da guerrilha na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Nélio Roberto Seidl Machado, ninguém tem saudade da ditadura militar. Ele disse ainda não ser razoável que nada seja feito pela família dos guerrilheiros, pois “houve massacre pelo Exército Brasileiro”.



Documento do coronel



O documento do coronel Lício Maciel, lido pelo tenente Vargas, diz que os guerrilheiros é que tem a obrigação de encontrarem seus mortos. “Nós buscamos, resgatamos, lamentamos e sepultamos os nossos heróis. Se os guerrilheiros não fizeram o mesmo, as famílias que exijam explicações e compensação aos irresponsáveis chefes do PCdoB – muitos deles em altos cargos, muito bem remunerados, destruindo a Nação”.



O coronel ainda alertou em seu e-mail que as indenizações aos guerrilheiros constituem um desrespeito às famílias dos militares mortos nas operações de combate à guerrilha, que nunca receberam nada. Ele cita o caso da família da guerrilheira Sônia, que recebeu indenização de cerca de R$140 mil em 2006; enquanto a família do cabo Odílio Cruz Rosa, morto na região na época, até hoje nada recebeu.



Restos mortais



O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Júnior, informou, durante a audiência, que, no mês passado, a comissão esteve na região do Araguaia, onde recolheu informações de 120 moradores, que poderão facilitar a localização dos restos mortais dos desaparecidos.



Agência Câmara