8 de maio de 1964: Acre sofre o primeiro golpe do regime militar
José Augusto foi acusado pelo militares de ser comunista – movimento político ferozmente reprimido pelos “homens de farda”. “José Augusto não tinha nenhum envolvimento com os comun
Publicado 09/05/2008 14:45 | Editado 04/03/2020 16:10
Em 1º de abril de 1964 os brasileiros acordaram com um novo governo. Na surdina, os militares derrubaram o presidente João Goulart e assumiram o Poder em Brasília. Dali até 1985, o Brasil viveria um dos momentos mais sombrios de sua História. Conhecido com os “anos de chumbo”, as duas décadas sob o governo dos generais foram marcadas por repressão dos direitos civis. Mesmo afastado do centro-sul do país, o Acre não escapou da “mão-de-ferro” dos militares.
No dia 8 de maio de 1964, o Estado viu o seu primeiro governador eleito pelo voto direto ser deposto. Os acreanos ainda desfrutavam de sua recém conquistada autonomia política. Eleito em 7 de outubro de 1962, ainda com 32 anos, natural de Cruzeiro do Sul, José Augusto representava a esperança do povo acreano de novos tempos para o Estado, depois de 50 anos sendo apenas um Território Federal.
José Augusto foi acusado pelo militares de ser comunista – movimento político ferozmente reprimido pelos “homens de farda”. “José Augusto não tinha nenhum envolvimento com os comunistas”, lembra o líder tucano na Assembléia Legislativa, Donald Fernandes. A deposição do ex-governador foi lembrada na sessão desta quinta-feira, 8 de maio, pelo presidente da Mesa Diretora, Edvaldo Magalhães (PC do B).
“Às 21h daquele dia, não mais suportando as pressões políticas, inclusive de aliados, José Augusto envia sua carta de renúncia à Assembléia Legislativa”, diz Magalhães. O Acre passaria, a partir de então, a também a viver seu período de bruma na vida política.
De 1985 até hoje
Após os 20 anos sob a batuta dos generais, em 1985 volta a respirar os ares da Democracia. A Abertura Democrática trouxe novas esperanças aos brasileiros e acreanos.
“O Brasil mudou e mudou muito desde 1985. A nossa democracia foi ampliada e está num processo constante de consolidação”, afirma Magalhães, que é filiado ao Partido Comunista do Brasil.
Há 44 anos José Augusto foi expurgado do governo acusado de ser comunista. Hoje, a Assembléia Legislativa é presidida por um comunista. “Agora ninguém questiona a participação de um membro de um partido comunista na vida política do país. Isso se dá justamente por conta da luta de homens e mulheres que deram suas vidas por esta causa”, ressalta Edvaldo.