8 de maio de 1964: Acre sofre o primeiro golpe do regime militar

José Augusto foi acusado pelo militares de ser comunista – movimento político ferozmente reprimido pelos “homens de farda”. “José Augusto não tinha nenhum envolvimento com os comun

Em 1º de abril de 1964 os brasileiros acordaram com um novo governo. Na surdina, os militares derrubaram o presidente João Goulart e assumiram o Poder em Brasília. Dali até 1985, o Brasil viveria um dos momentos mais sombrios de sua História. Conhecido com os “anos de chumbo”, as duas décadas sob o governo dos generais foram marcadas por repressão dos direitos civis. Mesmo afastado do centro-sul do país, o Acre não escapou da “mão-de-ferro” dos militares.

No dia 8 de maio de 1964, o Estado viu o seu primeiro governador eleito pelo voto direto ser deposto. Os acreanos ainda desfrutavam de sua recém conquistada autonomia política. Eleito em 7 de outubro de 1962, ainda com 32 anos, natural de Cruzeiro do Sul,  José Augusto representava a esperança do povo acreano de novos tempos para o Estado, depois de 50 anos sendo apenas um Território Federal.  


José Augusto foi acusado pelo militares de ser comunista – movimento político ferozmente reprimido pelos “homens de farda”. “José Augusto não tinha nenhum envolvimento com os comunistas”, lembra o líder tucano na Assembléia Legislativa, Donald Fernandes. A deposição do ex-governador foi lembrada na sessão desta quinta-feira, 8 de maio, pelo presidente da Mesa Diretora, Edvaldo Magalhães (PC do B).


“Às 21h daquele dia, não mais suportando as pressões políticas, inclusive de aliados, José Augusto envia  sua carta de renúncia à Assembléia Legislativa”, diz Magalhães. O Acre passaria, a partir de então, a também a viver seu período de bruma na vida política.


De 1985 até hoje


Após os 20 anos sob a batuta dos generais, em 1985 volta a respirar os ares da Democracia. A Abertura Democrática trouxe novas esperanças aos brasileiros e acreanos.


“O Brasil mudou e mudou muito desde 1985. A nossa democracia foi ampliada e está num processo constante de consolidação”, afirma Magalhães, que é filiado ao  Partido Comunista do Brasil.


Há 44 anos José Augusto foi expurgado do governo acusado de ser comunista. Hoje, a Assembléia Legislativa é presidida por um comunista. “Agora ninguém questiona a participação de um membro de um partido comunista na vida política do país. Isso se dá justamente por conta da luta de homens e mulheres que deram suas vidas por esta causa”, ressalta Edvaldo.