Messias Pontes – Perigo: as forças do mal se reencontram
O mal foi plantado no Brasil há cinco séculos e criou raízes profundas. Nesse período, quatro grandes tragédias se abateram sobre o País: a escravidão, a ditadura do Estado Novo (1937-1945), a ditadura militar (1964-1985) e a política neoliberal collorida
Publicado 16/04/2008 08:23 | Editado 04/03/2020 16:36
Com o avanço das forças democráticas, progressistas e patrióticas, muitos se iludiram e baixaram a guarda pensado haver vencido as forças do mal para sempre. É aí onde mora o perigo.
O banqueiro racista Jorge Bornhausen, em 40 anos de vida pública, sempre atuou, com destaque, no time do mal. Foi um subserviente fiel da ditadura militar, collorido de primeira hora e parceiro inseparável do Coisa Ruim (FHC) durante o quarto desastre – 1990-2002 – no desmonte do Estado brasileiro. Pertenceu à Arena, ao PDS e foi o último presidente do PFL antes de mudar mais uma vez de nome para esconder a sua triste trajetória.
O Coisa Ruim, filho e sobrinho de generais honrados, progressistas e patriotas, se passou por homem de esquerda por muito tempo, enganando as pessoas de boa fé, apesar de ter defendido sempre a dependência do País às grandes potências capitalistas, em especial ao imperialismo norte-americano, e de ter recebido uma fortuna da CIA (Central de Inteligência Americana) através da Fundação Ford, quando da fundação do Cebrap – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (e não do IPEA como saiu no artigo de 02.04.08). Somente a primeira parcela foi de US$ 145 mil, e há quem afirme que superou um milhão de dólares, para defender as idéias ditadas pelo império do Norte.
É sempre oportuno lembrar a opinião tornada pública pelo grande jornalista, então presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho: “… o pai, general Leônidas Cardoso, e o tio general Felicíssimo Cardoso, eram nacionalistas… FHC não honrou o nome do pai nem a tradição da família”. O ex-presidente da ABI gostava de repetir uma declaração do general tio do Coisa Ruim: “Este meu sobrinho não é de confiança”. Precisa dizer mais sobre a sanha entreguista e traidora do ex-sociólogo?
Esses dois elementos comandaram as forças do mal para desmontar o Estado brasileiro e institucionalizar a corrupção no País, como bem demonstraram o jornalista Aloysio Biondi em dois volumes do “O Brasil Privatizado – Um balanço do desmonte do Estado” e “O assalto das privatizações continua”, Ivo Lesbaupin (sociólogo) e Ademar Mineiro (economista) em “O Desmonte da Nação em Dados”, e os jornalistas Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura no “O Mapa da Corrupção no Governo FHC como foi institucionalizada a já sistêmica corrupção no Brasil”.
A partir de janeiro de 2003, o Coisa Ruim e Bornhausen passaram a conspirar contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o povo brasileiro e a soberania nacional. São mestres em fabricar crises contando com o irrestrito e incondicional apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista. Eles não se conformam em não ter completado o desmonte do Estado com a entrega da Petrobras, de Furnas, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do BNB, do BASA, da Base de Alcântara e da própria Amazônia. Por isso continuam tramando contra o Brasil.
Preocupados com a grande aceitação do Governo e com a crescente popularidade do presidente Lula e, em especial, com o racha entre os irmãos siameses PSDB e DEMO, pois sabem que isto é ruim para a oposição irracional, esses dois elementos voltaram à cena se reunindo anteontem em São Paulo com as principais lideranças do dois partidos.
A estratégia é fabricar crises e mais crises e assim desgastar o presidente Lula, seus principais auxiliares e os partidos que lhes dão sustentação no Congresso Nacional. Já conseguiram uma grande vitória que foi a não prorrogação da CPMF pelo Senado, tungando, portanto, mais de R$ 40 bilhões do Orçamento da União. O objetivo principal era atingir de morte o Bolsa Família, maior programa de distribuição de renda do País, e outros programas de inclusão social que já tiraram da faixa da miséria mais de 20 milhões de brasileiros.
Sem os recursos da CPMF a saúde, que já não ia bem, ficou pior ainda. O surto da dengue em vários estados brasileiros, notadamente no Rio de Janeiro onde se transformou em epidemia, é o retrato da falta de recursos financeiros na saúde. Tanto o ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, como o atual, José Gomes Temporão, reafirmam que a doença da saúde é a falta de dinheiro. Essa oposição irracional precisa ser responsabilizada pelo caos na saúde.
É imperioso que as forças do bem – democratas, progressistas e patriotas – fiquem alertas, pois quando as forças do mal se reencontram é sinal de perigo. E muito perigo!
Messias Pontes é jornalista