Lula e a eleição de 2010: ''Estou trabalhando para ganhar''
“Se alguém acha que pelo fato de eu não ter candidato nós não vamos ganhar as eleições, pode começar a se preocupar porque eu estou trabalhando para a gente ganhar as eleições. Não é à toa que impediram a aprovação da CPMF”, disse o presidente Luiz I
Publicado 24/03/2008 03:07
A entrevista para Maria Lydia Flandoli, do programa Em Questão, foi gravada durante a semana e levada ao ar neste domingo (23) às 23h45. O presidente ressaltou que é contra a reeleição e que vai lançar um candidato para sua sucessão. ''Sou contra o terceiro mandato. Mais do que ético, é um valor democrático. A gente não pode brincar com a democracia. [Em 2006], fui candidato porque a lei [que permitiu a reeleição] foi aprovada. Mas não fui eu quem aprovei'', disse.
Defesa de um candidato da base
Questionado se a ministra Dilma Roussef (Casa Civil) seria a candidata governista à sucessão, o presidente limitou-se a repetir que ainda não tem candidato e disse que discutirá com os partidos da base, após as eleições municipais, os nomes à sucessão presidencial. ''Eu não tenho candidato porque eu trabalho com a seguinte idéia: acho que a base que sustenta o governo hoje tem que lançar uma candidatura'', completou.
Lula reiterou que a oposição impediu a aprovação da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), em dezembro, para prejudicar eleitoralmente o governo. “A CPMF significava R$ 120 bilhões a mais em três anos. Imagine o que a gente poderia fazer neste país”, disse Lula. Ele afirmou, no entanto, que as obras serão cumpridas porque “a economia está crescendo”.
Aliança PT-PSDB: hoje, impossível
Lula disse achar “impossível” que a aliança PT-PSDB, que vem sendo articulada pelo governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), seja reproduzida ''hoje'' em outros estados.
“Eu diria que hoje é impossível. O fato de o Aécio Neves estar fazendo um acordo com o prefeito Pimentel não significa que seja aceito pelo PT”, disse Lula na entrevista. Segundo o presidente, “teoricamente era para o PT ter uma belíssima relação com o PSDB”.
“Tenho uma boa relação com [o governador de SP, José] Serra, Aécio, com todos os governadores do PSDB e trato eles com todo o carinho. Estou fazendo com o Serra o que o [ex-presidente] Fernando Henrique não fez com o [ex-governador de SP] Mário Covas”, disse. “Não há possibilidade de não ser amigo de quem está governando.”
Economia sem ''plano B''
Durante a entrevista, Lula afirmou ainda que “os Estados Unidos precisam assumir a responsabilidade de debelar a crise o quanto antes para não jogar nas costas dos países em desenvolvimento os prejuízos”.
O presidente ressaltou que o Brasil não tem participação na crise imobiliária norte-americana e que o país está na situação “mais confortável que já esteve em qualquer outro momento da história”.
Questionado se teria um “plano B” para o risco de o país ser afetado, Lula disse que não trabalha com plano B. “Temos muita coisa para acontecer de bom no Brasil ainda”, disse.
''Ponto de equilíbrio'' para as MPs
O presidente disse esperar que o Congresso encontre encontre “a melhor forma” para que “o fato de o governo precisar emitir medidas provisórias não seja um desconforto para o Congresso Nacional”.
''Eu quero que o Congresso encontre a melhor forma [de trabalho] para que o governo não precise editar medida provisória. Estou convencido de que o Congresso está correto quando defende o direito de ter liberdade legislativa, mas é preciso achar o ponto de equilíbrio, para que nem o Congresso deixe de cumprir sua função, nem o governo deixe de governar”, disse Lula.
Ele admitiu, contudo, que ''quem estiver na cadeira de presidente sempre vai adorar as MPs, porque quando aprovada, ela passa a valer'', afirmou.
''Ofendido'' com deportações
Na entrevista, que durou cerca de 35 minutos, Lula também disse ter se sentido “ofendido” com a deportação de brasileiros em aeroportos na Espanha e afirmou concordar com a medida adotada pelo país de também deportar turistas espanhós em aeroportos brasileiros.
“Obviamente que se um país, seja a Espanha ou qualquer outro, começa a perseguir brasileiros, temos que defender os brasileiros”, disse o petista, que destacou ainda a “relação estratégica” que o país mantém com a Espanha e os esforços dos governos dos dois países para que a situação seja normalizada.
No fim da entrevista, Lula agradeceu e revelou o que pretende fazer quando deixar a Presidência. ''Estou pedindo a Deus para esse dia chegar. Não vou parar de fazer política, está no meu sangue. Mas não quero mais aquela militância que tive na construção do PT'', afirmou. ''Que deus ajude quem vier depois de mim e que faça muito melhor.''
Da redação, com agências