Movimentos sociais da Colômbia e Equador vão às ruas
A Praça de Bolívar, em Bogotá, será tomada nesta quinta-feira pelos colombianos em uma marcha que repudia o paramilitarismo e os crimes do Estado. O Movimento Nacional de Vítimas de Crimes do Estado e a Federação Nacional Sindical Única Agropecuária (Fens
Publicado 06/03/2008 10:31
Na nota, a Fensuagro disse que “os camponeses foram vítimas da mais implacável cruzada criminal que lembre a história recente do país. Não só se usou a violência física e o despojo das terras contra o campesinato, mas também, a partir do Estabelecimento na cabeça do governo de turno, foram desenhadas leis cujo objetivo é intensificar o despojo e desalojamento, legalizando as expropriações violentas contra os pequenos e médios proprietários rurais”.
Na marcha que titulou de “pela vida, contra o genocídio e contra o esquecimento”, a Fensuagro pretende mostrar ao mundo que o campo colombiano é um dos setores mais afetados pelo conflito armado que destroi o país. Cerca de 80% dos moradores as áreas rurais vivem na pobreza ou na miseria, fortalecidas pelas ausência do Estado. O conflito armado interno na Colômbia já deixou mais de 300 mil mortos. Cerca de 15 mil pessoas estão “desaparecidos”, e outras quatro milhões foram vítimas de desalojamentos forçados. Mais de 41 mil pessoas foram torturadas por membros de grupos paramilitares ou forças oficiais. Apesar desses números, muitos parapolíticos exercem cargos públicos e diplomáticos no país.
Segundo a Federação, a atuação das forças paramilitares está provocando “a reconcentração da propriedade rural nas mãos de poucos, com mais de 44 milhões de hectares hoje em poder dos latifundiários, narcoparamilitares e grileiros de empresas transnacionais que têm se beneficiado não apenas com anos de violência, também com a legislação espúria do Estatuto de Desenvolvimento Rural, Mineral e Florestal”.
E, de acordo com o ministro da Agricultura, Luis Felipe Arias, é preferível entregar 17 mil hectares de terra, de propriedade do Estado, a empresários palmicultores a entregá-las para as centenas de famílias expulsas de suas casas em razão da violência paramilitar. A marcha desta quinta-feira será também contra a política governamental de converter os alimentos em combustível, gerando maior exclusão social e escassez na cesta familiar do povo colombiano.
Apoio do Equador
Os equatorianos também organizam, para esta quinta, um marcha contra o paramilitarismo na Colômbia. No manifesto de apoio aos vizinhos, homens e mulheres equatorianos disseram acreditar que o Acordo Humanitário é uma alternativa entre outras e deve ser acompanhado de ações concretas de proteção e reparação integral das vítimas.
No Equador, a marcha terá concentração às 11 horas (horário de Quito) na praça Foch, de onde os manifestantes sairão em direção à Embaixada da Colômbia. Para os signatários do manifesto, a responsabilidade fundamental do estado colombiano é a proteção integral de todos seus cidadãos e a garantia dos direitos humanos com especial ênfase na reparação às vítimas como una forma de evitar que esses crimes se repitam.
“Por nenhum motivo o governo colombiano pode contribuir para a polarização do país e para a impunidade, e menos ainda, para a execução de crimes de lesa humanidade. Tampouco pode pronunciar-se ou atuar só a favor de algumas das vítimas, enquanto cala ou contribui por ação ou por omissão, para a perpetração de crimes contra outras”, acrescentou o manifesto.
Fonte: Correio do Brasil