Tensão entre Venezuela e Colômbia afeta comércio na região
A Venezuela teria começado a bloquear o fluxo de comércio com a Colômbia nesta segunda-feira (3), numa escalada da crise entre os dois países. Autoridades venezuelanas teriam suspendido parcialmente a passagem de carregamentos em dois importantes postos d
Publicado 04/03/2008 09:38
Segundo ele, tropas da Guarda Nacional da Venezuela estariam impedindo o trânsito de mercadorias pela fronteira de Táchira, estado em que há o maior fluxo comercial entre os dois países.
“Por enquanto, as operações de produtos não estão sendo registradas. Estão suspensas ou restritas, disse Teres a agências de notícias. Não estava claro ontem se houve determinação nesse sentido do governo do presidente Hugo Chávez.
A crise regional entre Venezuela e Colômbia ocorre num momento em que aumenta a relação comercial entre os dois países. E pode ser prejudicial para ambos.
Bilhões em jogo
A relação comercial vem crescendo desde o começo da década. No ano passado, o fluxo de comércio entre os vizinhos aproximou-se de US$ 6 bilhões – em 2001, era de poucas centenas de milhões de dólares. Por isso, analistas acreditam que a economia pode servir de âncora e evitar uma escalada militar.
A maior parte do fluxo é de exportações da Colômbia. A Venezuela compra quase US$ 4,5 bilhões em trigo, frango, leite, têxteis, carros e outros bens de consumo colombianos. Com isso, a Colômbia se tornou o segundo maior exportador para a Venezuela – só os americanos venderam mais aos venezuelanos em 2007, com total de US$ 13,5 bilhões.
Os estados do oeste venezuelano dependem em muito dos produtos alimentícios comprados na Colômbia. “O presidente Hugo Chávez está tentando comprar produtos alimentícios de outros países, como o Brasil, mas isso é um arranjo que leva tempo”, diz o economista Carlos Araújo, do Programa de América Latina da USP. “Por enquanto, os produtos colombianos contam com rede de distribuição privilegiada.”
Nesta segunda-feira, o peso colombiano caiu quase 0,5%. “A crise política e diplomática com nossos vizinhos está levando os investidores a procurar refúgio no dólar” disse à Bloomberg Alexander Cardenas, analista-chefe da corretora Acciones y Valores, de Bogotá.
O Equador, terceiro envolvido na crise, também tem a Colômbia como a segunda principal origem de suas importações: dos US$ 13 bilhões em importações de 2007, 23,1% vieram dos EUA e 13,3%, da Colômbia – ou seja, cerca de US$ 1,7 bilhão. Para a Colômbia, o país exportou US$ 740 milhões.
Fonte: Valor Econômico