Justiça cobra melhor ambiente de trabalho na Sadia
A empresa de alimentos Sadia assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho no Paraná em que se compromete a melhorar o ambiente de trabalho em suas fábricas. O acordo vale para as unidades da empresa nas cidades
Publicado 24/02/2008 08:07 | Editado 04/03/2020 17:12
A Procuradora do Trabalho de Toledo, Cinthia Passari von Ammon, relata que o Ministério Público investigou por três anos denúncias de organizações civis sobre o grande número de trabalhadores que vinham sendo afastados por doenças ocupacionais. Os procuradores da região constataram que os problemas de saúde são gerados por esforço repetitivo, em decorrência da jornada de trabalho desgastante. No acordo firmado com a Justiça, a Sadia se compromete em melhorar a rotina do trabalhador.
“Vai ter que fazer alterações em relação à instituição de pausas, rodízios. Vai ter que apresentar uma análise ergonômica dos principais setores em que foi constatada a maior incidência desse tipo de afastamento para que sejam instituídas medidas concretas no melhoramento das condições de trabalho”, afirma.
A empresa tem 90 dias para apresentar ao Ministério Público um cronograma das ações, que será avaliado pela procuradora e por um médico do trabalho. A partir daí, a Sadia tem prazo de um ano para implementar as ações. Caso o acordo seja descumprido, a empresa terá que pagar multa de R$ 50 mil por cada cláusula, a ser revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
No entanto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Toledo, João Moacir Lopes Belino, alerta que as doenças ocupacionais não são um problema somente da Sadia, mas de todas as empresas do setor de frigorífico. Ele avalia que a velocidade da produção, ligada à redução de trabalhadores, faz com que a jornada seja pesada. Na linha de produção do frango, a fase mais crítica para o trabalhador, diz João Moacir, é a desossa, que na unidade da Sadia na cidade emprega cerca de 500 pessoas por turno.
“A linha de desossa do frango. É onde o trabalhador tem o trabalho mais repetitivo, em 8h48min diário numa temperatura entre 10º e 12ª graus. A linha em que o pessoal sofre mais hoje é com a linha de desossa, tanto de frango quanto de suíno”, afirma.
Em nota, o diretor de Recursos Humanos e Gestão da Sadia, Eduardo Noronha, afirmou que a empresa já atua alinhada às demandas previstas no TAC. Ele também ressalta que a Sadia permanece aberta ao diálogo entre funcionários e entidades sindicais para aprimorar ainda mais as condições de trabalho.
A unidade da Sadia em Toledo emprega em torno de 8 mil trabalhadores. De acordo com o sindicato, 260 trabalhadores estão afastados, dos quais 80 são por doenças ocupacionais.
Chasque