Messias Pontes – Radicalizar na busca da verdade
Depois do clamor das forças democráticas e progressistas, finalmente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu reagir, saindo da defensiva imposta pelas forças do atraso – tucanos, demos e a grande mídia conservadora, venal e golpista – e
Publicado 13/02/2008 09:17 | Editado 04/03/2020 16:36
Disposta a sangrar o governo e o presidente Lula, e até derrubá-lo, se fosse possível, essa direita irracional já não escondia mais as suas intenções, dada a passividade e até covardia do presidente Lula em aceitar ser pautado por essa gente, capitaneada pelo Coisa Ruim que, infelizmente, continua solto, tramando contra o Brasil e a democracia, produzindo crises institucionais bem ao estilo da velha canalha da UDN, da qual é o mais legítimo herdeiro e representante.
Com o irrestrito apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista, a canalha neo-udenista resolveu utilizar os métodos de guerrilha e passou a atacar em várias frentes. Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, no seu site Conversa Afiada, somente no mês de janeiro deste ano essa gente fabricou nada menos que 11 crises, sendo que a penúltima, o pânico da febre amarela, causou dezenas de vítimas, sendo algumas fatais, como a enfermeira Marizete Borges de Abreu, que depois de tomar a vacina contra a febre amarela veio a falecer no último dia de janeiro.
Se vivo fosse, o escritor Gondin da Fonseca diria que a grande imprensa brasileira além de marrom é também amarela, dada a intensidade com que fabricou o pânico da febre amarela. Para se ter uma pequena idéia dos efeitos nocivos dessa crise fabricada, o número de pessoas hospitalizadas por terem tomado a vacina sem necessidade é bem maior que o de casos confirmados da doença.
Com o fim do pânico da febre amarela, a direita irracional partiu célere para criar outra “crise”, apresentando à sociedade o “escândalo” do cartão de crédito corporativo do governo federal. A esmagadora maioria dos veículos de comunicação priorizou o “mais novo escândalo”, escondendo da população que esse cartão foi criado no desgoverno do Coisa Ruim, em 2001, aliás uma das raríssimas coisas positivas durante todo o período do desmonte do Estado brasileiro.
Percebendo que não podia mais ficar nas cordas, o presidente Lula partiu para o centro do ringue, tomando a iniciativa do ataque e colocando a direita e sua mídia na defensiva. Todas as lideranças dos partidos de direita – PSDB, DEMO, PPS – anunciaram que tão logo o Congresso Nacional retornasse do recesso parlamentar, iriam propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as “irregularidades” com o cartão de crédito corporativo do governo federal.
A inércia e defensiva do governo era tamanha que as lideranças de direita já vislumbravam atingi-lo em cheio e com isso derrubar o presidente Lula. Mas não esperavam a reação do governo em ordenar sua base de apoio a se adiantar e requerer uma CPI para apurar o uso dos cartões de crédito corporativo, retroagindo a 1998, portanto ao quarto ano do primeiro desgoverno do Coisa Ruim. A direitona berrou que não aceitava, mas acabou concordando, embora em troca de uma CPI mista. A presidência e a relatoria da comissão precisam ficar com os governistas.
Todos sabem que tucanos e demos só querem transparência no governo dos outros. Por que nunca aceitaram instalar uma CPI para apurar as denúncias de corrupção durante os oito anos de desgoverno tucano-pefelista, começando pelo vergonhoso tráfico de influência do caso SIVAM , passando pela entrega do patrimônio público, num verdadeiro crime de lesa-pátria?
Se defendem a transparência, por que impediram a instalação da CPI para apurar a imoralidade da compra de votos para aprovar a emenda da reeleição do Coisa Ruim, já que existia inclusive réus confessos, como dois deputados pefelistas do Acre, João Maia e Ronivon Santiago que confessaram ter recebido R$ 200 mil cada? Por que não aceitaram, como propôs recentemente o senador Sibá Machado (PT do Acre), colocar na Internet os gastos da verba indenizatória, que é de R$ 15 mil mensais para deputados e senadores?
Tucanos e demos pensavam que, com a vergonhosa posição defensiva do governo e da maioria da esquerda, iriam instalar uma CPI não para apurar nada, mas para tentar desgastar o governo como fizeram com a chamada CPI do Fim do Mundo, que nada apurou; e também para impedir a votação de matérias importantes para o governo e para o País, como o Orçamento da União, que deveria ter sido votado no ano passado, e da Medida Provisória que institui o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos.
É preciso retroceder a 1995 e mostrar que a corrupção foi institucionalizada no Brasil no 19º dia do desgoverno entreguista, quando o Coisa Ruim acabou, por decreto, com a Comissão Especial de Investigação *CEI), criada no governo Itamar Franco para investigar a corrupção na administração pública federal. Segundo o professor e jurista Modesto Carvalhosa, ex-presidente do Tribunal de Ética da OAB/SP, autor de O Livro Negro da Corrupção, e ex-membro da CEI, “No Governo FHC a corrupção grassou de forma nunca antes vista”.
O momento é mais que propício para as forças democráticas, progressistas e patrióticas radicalizarem na busca da verdade, mostrando à sociedade as mazelas causadas por essa elite branca, preconceituosa, racista e desumana ao longo de cinco séculos, em especial no desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) que foi o mais corrupto da história brasileira.
Messias Pontes é jornalista e colunista do Vermelho/Ce