Crise entre Chávez e Uribe ameaça comércio bilateral
A mais grave crise entre os presidentes de Venezuela e Colômbia nos últimos anos deixa preocupadas empresas dos dois países. Elas temem que a disputa comprometa o crescente intercâmbio comercial, que já chega a US$ 6 bilhões.
Publicado 27/11/2007 10:03
No domingo, o venezuelano Hugo Chávez disse que estava “congelando” as relações com o país vizinho e que isso pode prejudicar os laços comerciais. Um primeiro impacto seria a desistência da Venezuela de rever sua saída da CAN, o bloco comercial andino.
Apesar das diferenças ideológicas, as relações comerciais bilaterais vêm se aquecendo nos últimos anos.
A Venezuela é o segundo maior mercado para as exportações colombianas, depois dos EUA. Os venezuelanos dependem dos produtores do país vizinho para se abastecer de itens básicos, como carne bovina, frango e leite, e de manufaturados, como carros e têxteis.
Nos primeiros oito meses do ano, as exportações colombianas para a Venezuela saltaram 76% em relação ao mesmo período de 2006, atingindo US$ 2,76 bilhões. As vendas se beneficiam do boom no consumo venezuelano e de problemas na produção interna na Venezuela, devido à política de Chávez de controle de preços, de câmbio e das seguidas estatizações.
“Estamos muito preocupados. O conteúdo das declarações de ambos os presidentes foi tão ofensivo que parece serem mais do que ameaças” disse o presidente da Câmara de Comércio Venezuela-Colombiana, em Caracas, Daniel Montealegre. “Espero que o governo venezuelano saiba como separar a política do comércio”, disse ontem Jorge Enrique Bedoya, presidente da associação colombianos de produtores de frango. “O comércio é benéfico e necessário para os dois países.”
Acusações e as Farc
No último domingo, Chávez disse que Uribe é um “mentiroso” e que os colombianos merecem um presidente “mais
digno”. Disse ainda que perdeu a confiança nas autoridades colombianas e que não haverá mais contatos com o presidente Uribe, só com o seu sucessor. As críticas foram uma reposta a decisão de Bogotá, da semana passada, de tirar de Chávez o papel de mediador entre as Farc e Uribe, cujo objetivo era buscar a libertação de reféns mantidos pela grupo guerrilheiro.
O colombiano revidou: “Precisamos de mediação contra o terrorismo, não de legitimadores do terrorismo”. E disse que Chávez maltrata e incendeia a região com seu “projeto expansionista”.
Nesta segunda-feira (26), o ministro do Comércio da Colômbia, Luis Guillermo Plata, disse que a crise não havia causado nenhuma repercussão imediata, mas que Bogotá buscará identificar e ajudar os setores mais vulneráveis caso Caracas imponha restrições a produtos colombianas.
Fonte: Valor Econômico