Lula sinaliza que carga tributária do país será menor
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (29), em seu programa de rádio Café com o Presidente, que a carga tributária do país pode ser menor e que ninguém quer mais diminuir essa carga do que ele. Segundo o presidente, par
Publicado 29/10/2007 10:03
No rádio, Lula comentou sobre o encontro que teve, na quarta-feira passada (24), com os 97 maiores empresários brasileiros. Antes da reunião, no Palácio do Planalto, alguns empresários reclamaram do volume de tributos cobrado.
Lula reafirmou que não adotará medidas extremas para reduzir a carga. “Não vamos fazer mágica. Vamos trabalhar com seriedade, fazendo os ajustes na hora certa, no momento certo, porque ninguém quer mais diminuir a carga tributária do que eu”, ressaltou.
Leia abaixo a íntegra do programa desta segunda-feira
Olá, você, em todo o Brasil. Começa agora o programa de rádio do presidente Lula. Bom dia, presidente.
Bom dia, Luiz.
Presidente, 100 empresários de todo o país estiveram reunidos com o senhor, em Brasília, na semana passada. Nesse encontro, o que o senhor pediu a eles?
Luiz, essa reunião com os maiores empresários brasileiros ela foi feita para que a gente pudesse instigar os empresários brasileiros a dizerem para nós os investimentos que estão fazendo, para que nós pudéssemos instigá-los a fazer os investimentos que o Brasil precisa que os empresários façam nesse momento porque o que está acontecendo no Brasil neste instante é que o Brasil recuperou a sua capacidade de crescimento, portanto, os empresários precisam recuperar a sua capacidade de investimento e o governo precisa contribuir aumentando a sua capacidade de financiamento. Nós chegamos agora a um momento importante na economia brasileira, depois que as coisas estão todas arrumadas, a economia começa a crescer. Nós já estamos atingindo a capacidade produtiva instalada no país. Todo mundo sabe que em algumas regiões do país está faltando cimento, em outra região está faltando vergalhão. Então, nós precisamos agora estimular os empresários brasileiros a fazer os investimentos necessários para que a economia brasileira cresça mais, geremos mais empregos, mais distribuição de renda e ver se isso dura por 15 ou 20 anos para o Brasil recuperar as duas décadas perdidas no passado.
Nesse encontro, presidente, qual foi a reação que o senhor sentiu do empresariado nacional?
Eu senti muito otimismo. Todos nós sabemos que o empresariado brasileiro está começando a fazer investimento. Eu, há quinze dias atrás, recebi os credores da Votorantim, do grupo Antônio Ermírio de Moraes. Eles vieram me anunciar investimento de R$ 25 bilhões, construir dez fábricas de cimento, construir mais uma fábrica de celulose, construir mais uma fábrica de alumínio. Eu estou estimulando os empresários a fazer investimentos em nova siderurgia porque o Brasil precisa aumentar a sua capacidade produtiva. Então, na verdade, o governo está fazendo o papel de estimulador para que os empresários acreditem cada vez mais no país, contribuam com esse momento importante da economia brasileira e que a gente não dê um passo atrás. Ou seja, daqui agora, é não deixar mais a peteca cair, fazer o país crescer, porque é isso que o povo brasileiro precisa.
Presidente, um dos temas desse encontro foi a reforma tributária. Tem empresário que reclama que a carga de impostos é alta no país. Qual o fundo de verdade nessa questão?
Luiz, antes de falar da questão tributária, é importante falar ainda do crescimento econômico. Eu estive na sexta-feira [26] no Cenpes, que é o Centro de Pesquisa da Petrobras. Fui discutir um PAC da Petrobras com toda a diretoria da Petrobras e fiquei preocupado, por isso que nós temos que estimular o investimento. Porque a Petrobras ela deve ter aproximadamente 65 mil fornecedores, ou seja, 65 mil empresas, de todos os tamanhos, que fornecem produtos para a Petrobras. O que nós estamos percebendo é que empresas que necessitavam de 240 dias, 250 dias para fazer o atendimento a um pedido da Petrobras, hoje estão demorando 450 dias, 470…
O que significa, presidente?
Isso significa que as empresas estão na sua capacidade produtiva máxima. As encomendas estão crescendo e só tem um jeito de atender: as empresas investirem no crescimento das suas próprias empresas. Criarem novas seções, contratarem mais trabalhadores porque com esse boom do petróleo, com o preço do petróleo, com todo mundo investindo em petróleo agora, o que está acontecendo é que no mundo inteiro está faltando peça para que se possa fazer mais prospecção de petróleo. Estão faltando navios, estão faltando peças para construir plataformas. Então, agora é um momento de estimular os empresários a fazer as suas empresas crescerem. Portanto, o que nós esperamos agora são investimentos, crescimento das empresas para que a gente possa atender a demanda que é cada vez mais crescente na indústria do petróleo.
E a carga tributária? Está alta como reclamam alguns empresários?
Veja, a carga tributária ela pode ser menor. Estamos trabalhando para isso. Por isso, nós estamos em fase final de elaboração de um projeto de reforma tributária, junto com os estados. Nós queremos construir essa proposta de política tributária que atenda aos interesses do Brasil. Política tributária é muito difícil porque cada deputado, cada senador, tem uma, cada presidente tem uma, cada indústria tem uma, ou seja, nós precisamos abrir mão das nossas propostas individuais e construir uma proposta consensual para o país. Estamos perto e vamos mandar [para o Congresso Nacional]. Na hora em que a gente tiver uma política tributária que você possa reduzir a carga tributária e mais gente tiver contribuindo, vai ser melhor para todo mundo. Eu tenho dito o seguinte: não tem mágica em economia. Nós não vamos fazer mágica. Nós vamos trabalhar com seriedade, fazendo os ajustes na hora certa, no momento certo, porque ninguém quer mais diminuir a carga tributária do que eu.
OK, presidente. Obrigado e até semana que vem.
Obrigado a você, Luiz. Eu estou viajando para Zurique [Suíça], hoje à tarde, e espero, amanhã, junto com os governadores, junto com o presidente da Confederação Brasileira de Esporte…
A gente também.
A bela notícia de que, depois de 64 anos, o Brasil vai realizar a Copa do Mundo. Para ganhar dessa vez.