Para Lula, concessões de rodovias irão mudar leilões no país
O leilão de concessão de rodovias federais à iniciativa privada foi uma atitude acertada e arrojada do governo e que “muda a história dos leilões no Brasil”, disse nesta segunda-feira (15) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu programa semanal de
Publicado 15/10/2007 09:57
Durante o leilão, realizado quinta-feira passada (9), o governo concedeu sete trechos de rodovias federais para empresas privadas. Foi registrado deságio de até 65% sobre o valor das tarifas de pedágio por trechos definidos, que serão pagos pelos usuários a partir de meados do ano que vem. Para Lula, o leilão é “demonstração inequívoca da redução do valor do pedágio a cada 100 quilômetros, em comparação ao leilão feito no passado”. O primeiro leilão foi realizado em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Isso, eu acho que muda a história dos leilões no Brasil para efeito de concessão das estradas”, acrescentou.
Leia abaixo a íntegra do programa:
Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro. Vai começar o programa de rádio do presidente Lula. Vamos conversar por telefone com o presidente que está em São Bernardo do Campo [SP]. Nós estamos no estúdio da Radiobrás, em Brasília. Bom dia, presidente.
Bom dia, Luiz
Presidente, com o leilão da semana passada, sete trechos de rodovias federais serão administrados por empresas da iniciativa privada. O jornalista Elio Gaspari classificou isso como um dos principais atos de competência do seu governo. Esse é o segundo leilão de estradas federais. O primeiro ocorreu em 1995. Que vantagens esse segundo leilão vai trazer para o usuário das estradas?
Olha, Luiz, eu acredito que o que aconteceu foi uma demonstração inequívoca, primeiro, de acerto e arrojo do governo em mudar os critérios das privatizações. Em segundo lugar, eu acredito que em função do bom momento que vive a política econômica brasileira, a credibilidade internacional do país e uma visão no futuro do Brasil é que fez com que as empresas pudessem pagar um preço bem mais baixo para os pedágios. É importante lembrar nesse momento, Luiz, que as empresas chegaram a fazer deságio de até 65% e atendeu ao objetivo do governo que era tornar o pedágio o mais barato possível para o usuário. Eu acho que nós conseguimos. Há uma demonstração inequívoca de redução do valor do pedágio a cada 100 quilômetros em comparação ao leilão feito no passado. E isso, eu acho que muda a história dos leilões no Brasil para efeito de concessão das estradas.
Mas, presidente, e essa diferença tão grande entre o valor pago pelas empresas e o valor estabelecido não pode acabar sendo repassada ao motorista que vai pagar o pedágio?
Não. Veja, primeiro, a diminuição do valor ela é muito mais importante se você comparar com os leilões feitos no passado. Ou seja, nós já tínhamos feito um preço muito bem elaborado, muito bem estudado onde participou muita gente do debate. Eu vou dar alguns exemplos. Num trecho da Régis Bittencourt, nós colocamos como preço mínimo R$ 2,68 e foi leiloado por R$1,35. Na Fernão Dias, que nós colocamos um preço mínimo de R$ 2,88, foi leiloado por R$ 0,99. E no trecho Curitiba-Florianópolis, nós colocamos um preço de R$ 2,75 e foi leiloado por R$1,028. O que aconteceu de fato é que as empresas também se convenceram de que quando a gente fala em livre iniciativa, concorrência, isso é uma coisa para valer. Os críticos diziam que não iam ter empresas interessadas, outros diziam que tinha sido um fracasso porque nós tínhamos adiado duas vezes. Entretanto, compareceram 30 empresas, ou seja, e elas fizeram uma disputa que é normal nos leilões. E ganharam as empresas que fizeram a melhor oferta. Eu acho que quem ganha com isso é o Brasil. Quem ganha com isso é o processo de novos leilões daqui para a frente. E, sobretudo, o grande ganhador é o motorista que vai pagar o pedágio, porque ele vai perceber que não é possível, na Dutra, ele pagar R$ 7,00, e na Fernão Dias, ele pagar R$ 0,99. Ele vai perceber que há uma diferença e vai começar a cobrar, e o governo, seja federal ou estadual, vai ter que sempre trabalhar mais, tentando atingir a perfeição para que o usuário seja o beneficiado.
Presidente, dos sete trechos leiloados, seis vão ficar com empresas espanholas. Isso demonstra a confiança do investidor estrangeiro em se estabelecer no nosso país?
Demonstra. Na medida em que você estabelece uma relação de confiança, eu tinha tido a oportunidade de estar na Espanha um mês atrás fazendo uma exposição do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], fazendo uma exposição daquilo que seriam os leilões. O que nós percebemos? Quando a economia está ajustada, quando as pessoas percebem que o Brasil está dando certo, quando as pessoas percebem que o governo está agindo com seriedade, as pessoas também agem com seriedade. Luiz, eu acho importante dizer uma coisa para os nossos ouvintes. As coisas estão mudando para melhor. Eu fiz uma reunião com dez empresários americanos, junto com dez empresários brasileiros, para que a gente estabeleça uma relação mais séria, uma relação que não seja de subserviência, uma relação que não seja, sabe, de achar que alguém é mais esperto que o outro. Mas uma relação em que as pessoas acreditam que nós estamos fazendo jogo sério, que nós queremos que o Brasil dê certo. E aí, é quase que um apelo que eu faço a todos os brasileiros, se a gente não acredita na família da gente, se a gente não acredita na religião da gente, se a gente não acredita no time da gente, quem vai acreditar? Ora, se a gente não acreditar no Brasil, o Brasil pode não dar certo, porque ninguém dá certo com descrença. É preciso que a gente acredite que o Brasil está vivendo um novo momento. Um momento de seriedade, um momento em que a economia está arrumada, um momento em que o mercado interno está crescendo, ou seja, um momento em que o Brasil pode definitivamente dar um grande passo para se transformar em uma das grandes economias do mundo.
Obrigado, presidente. Até semana que vem.
Muito obrigado a você, Luiz. Muito obrigado aos nossos ouvintes e até a próxima semana.