De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 75% das ações básicas de saúde são realizadas pela equipe de enfermagem.
Por isso a recomendação da OMS é a de um enfermeiro para cada 500 habitantes.
Isso significa que, para uma população de quase 180 milhões de pessoas, como é o caso, seriam necessários 360 mil enfermeiros graduados, enquanto em todo o país existe a metade desse número.
Do 1,18 milhão de enfermeiros em atividade no país, de acordo com dados do Confen (Conselho de Enfermagem), 600 mil são auxiliares de enfermagem e 400 mil, técnicos de enfermagem. Apenas 180 mil são enfermeiros com nível superior, o que significa um déficit de 50%, segundo a OMS.
Problema que se agrava ainda mais no Norte e Nordeste e em regiões mais isoladas, como é o caso do município de Jordão e até recentemente também Feijó e Taruacá. Esses dois últimos só possuíam acesso por via terrestre durante três meses por ano. Jordão permanece isolado.
De acordo com a amostragem por município do Sistema Único de Saúde (SUS), Tarauacá possui 10 enfermeiros, Feijó – terceiro município do Estado em número de habitantes – tem nove e Jordão, apenas dois.
“É a esses três municípios carentes de profissionais não apenas nessa área, mas principalmente nessa, porque lida com vidas, que o curso de enfermagem da Ufac se destina”, explicou a deputada Perpétua Almeida (PC do B).
No ano passado uma reunião entre a OMS e a Organização de Proteção Ambiental (OPA) propôs uma década de investimentos em recursos humanos em saúde (2006/ 2015) para poder enfrentar os desafios nessa área.
A OMS concluiu que a apropriada identificação das necessidades da saúde da população e a adequada prestação de serviços, constituem a base sobre a qual será possível a existência de uma prática de saúde, bem como a correta definição, formação e utilização dos recursos humanos para essa área.
“Não podemos pensar em saúde se não oportunizarmos a qualificação dos profissionais que atuam na área, por isso nosso empenho em levar o curso de enfermagem para Feijó, onde também poderá receber estudantes de Tarauacá e Jordão. Quanto mais pessoas altamente qualificadas tivermos para trabalhar no estado, melhor serão as condições de vida”, disse a deputada Perpétua Almeida (PcdoB).
Perpétua assumiu o compromisso de realizar esse sonho dos trabalhadores da saúde de Feijó, no início deste ano, quando se reuniu com eles.
Na ocasião os trabalhadores fizeram várias reclamações. Entre elas o fato de atuarem como enfermeiros e receberem como auxiliares de serviços domésticos entre outros.
Mas o principal pedido foi um curso de nível superior na área.
“Foi uma sensação ambígua, ao mesmo tempo em que fiquei feliz por ver que a intenção deles era estudar para ganhar um salário melhor e ter um outro status na sociedade, ou seja ficou visível o empenho em se qualificar, fiquei também triste por não ter certeza se a tentativa daria certo. Prometi a eles meu empenho, mas que não esperassem mais que isso. Hoje estou plenamente satisfeita, ao ter o pedido acolhido pelo Departamento de Ciências da Saúde”, disse a deputada na reunião com a chefia do departamento.
Pelas contas dos professores do departamento de Ciências da Saúde, as despesas com o curso todo ( a formação de uma turma), não sairá por menos de R$ 1 milhão.
A deputada Perpétua Almeida se comprometeu a colocar inicialmente R$ 500 mil em emenda para que o departamento viabilize o inicio do curso em 2009, e outras emendas nos próximos anos de maneira a garantir a cobertura das despesas.
O Departamento de Ciências da Saúde, por sua vez, comprometeu-se a realizar o vestibular, resguardando 50% das vagas para os profissionais que já atuam na área, e o restante para a comunidade. Assim como garantiu o deslocamento dos professores da Ufac para ministrarem as aulas. Ficando os estágios em aberto. Parte deles deverá ser feita na região e a outra, em Cruzeiro do Sul ou na capital.
Serão cobertos pelo projeto os três municípios: Jordão, Tarauacá e Feijó |