Resolução do PT sobre 2010 reforça importância da ''coalizão''
A defesa de uma candidatura própria do Partido dos Trabalhadores à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, concretizou-se no 3o. Congresso Nacional do PT numa resolução que defende a candidatura petista sem deixar de considerar a pos
Publicado 02/09/2007 13:37
Segundo informações de bastidores que circulavam pelo congresso, haveria uma pressão do grupo mais ligado ao presidente Lula para que o PT não fechasse as portas da disputa eleitoral de 2010 para uma candidatura mais ampla.
O desejo de amenizar a decisão congressual sobre as eleições de 2010 foi em parte atendida com a aprovação de uma resolução propositalmente dúbia, que reafirma a intenção da candidatura própria do PT mas ''construída com outros partidos''. Em outro trecho, o texto aprovado diz que o PT será ''dirigente'' da construção desta candidatura.
Para o governador de Sergipe, Marcelo Déda, o PT tem o ''dever político de no tempo e na hora adequada'' apresentar nomes para sucessão do Lula. ''Só não sei se merecia fazer disso uma deliberação, no congresso. Ao virar resolução, antecipa um debate que não é bom para quem está governando. Cria um ruído. Ou alguém duvida que o PT vai buscar apresentar o seu nome e tentar convencer os demais de que o seu nome é o melhor?'', declarou Deda a jornalistas.
A preocupação se justifica pois uma decisão congressual só poderia ser modificada por outro congresso. Assim, os acordos eleitorais para 2010 ficariam, para o PT, condicionados à resolução aprovada e eventuais mudanças de rumo teriam, formalmente, que passar por uma nova decisão congressual.
A resolução, aprovada por unanimidade dos delegados presentes ao Congresso, em seu parágrafo final, acrescido posteriormente à aprovação da emenda original, diz que ''o PT apresentará uma candidatura a presidente a ser construída com outros partidos e assim formar uma aliança programática capaz de ser vitoriosa em 2010 e impedir o avanço do neoliberalismo''.
Diálogo
Para o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, o texto sobre a tática para as próximas eleições visa demonstrar publicamente que o PT está disposto a discutir a formação da chapa governista para 2010, ainda que tenha ''vocação, condições e potencial para ter candidato''.
''(Antes de fechar a candidatura própria) precisa dialogar, precisa construir alianças. Se nós partirmos do pressuposto que o candidato obrigatoriamente é do PT, vamos dar uma mensagem que não é boa para quem quer construir alianças'', afirmou ele.
Por esse motivo, também foi delegada à direção nacional do PT a tarefa de conduzir eventuais acordos para as eleições de 2010 e também foi estabelecido que isto seria feito em 2009.
Dirceu arrisca nomes
Numa inesperada entrevista coletiva, o ex-ministro José Dirceu especulou sobre os possíveis candidatos do partido para a sucessão de Lula. Ele citou os ministros Tarso Genro, Dilma Rousseff e Marta Suplicy, lembrou também dos senadores paulistas Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy e o governador da Bahia, Jaques Wagner, como petistas presidenciáveis. Mas ponderou também sobre as chances de Ciro Gomes, por quem disse que faria campanha como se fosse para um filiado do PT.
“(Ciro) está conosco desde o segundo turno de 2002. É leal, foi excelente ministro do presidente Lula e nós temos necessidade de nos aproximar do PSB e do PCdoB”, disse Dirceu.
Dirceu também citou o PMDB como sigla de onde poderia vir um candidato da coalizão governista, mas não especulou sobre nomes. O atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, que é do PMDB, foi várias vezes citado por delegados do congresso, de forma irônica, como “ministro candidato”.
Leia abaixo a íntegra da resolução aprovada:
Tática eleitoral para 2008 e 2010
Na nossa estratégia eleitoral, é fundamental que o PT construa vitórias importantes em 2008, fortalecendo nossa base política para 2010.
O PT deve se colocar como dirigente da condução do processo sucessório presidencial. Temos de preservar a coalizão governamental, aperfeiçoar e ampliar essa base de sustentação, sem esquecer a defesa intransigente dos interesses do PT, dos trabalhadores e dos movimentos sociais que nos sustentam.
O PT deve organizar um amplo processo de debate interno para formular, a partir de nossas experiências no governo federal e dos avanços até lá alcançados, um programa para o mandato 2011/2014 e, a partir dele, apresentar uma candidatura petista à sucessão de Lula, capaz de liderar, juntamente com outros partidos, uma ampla aliança partidária e social e vencer as eleições de 2010.
O PT apresentará uma candidatura a presidente a ser construída com outros partidos e, assim, formar uma aliança programática, partidária e social capaz de ser vitoriosa nas eleições de 2010, e impedir o retorno do neoliberalismo.
Texto atualizado às 17h30 para acréscimo de informações