Morte violenta de 21 índios leva entidades às ruas de MS
Entidades sociais denunciam o “genocídio silencioso” que vem acontecendo em aldeias indígenas da região meridional de Mato Grosso do Sul. No sábado (14), em protesto pelas 21 mortes violentas contabilizadas desde o início do ano, cerca de 50 pessoas foram
Publicado 15/07/2007 20:51
As mortes teriam ligação direta e indireta com a questão fundiária. “A situação dos índios é de insustentável confinamento, que agrava conflitos internos”, diz o cientista político Egon Heck, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A partir do momento que há negação sistemática do que ocorre, há negação da vida — o que representa um genocídio.”
Segundo ele, em Mato Grosso do Sul se registra o dobro da violência de outros estados – e há a menor proporção entre o número de índios e a quantidade de terras destinada a eles. “São mais de 70 mil índios para menos de 100 mil hectares. É a taxa mais baixa do país”, afirma Egon. Há 40 áreas prioritárias no processo de reconhecimento de terras indígenas em andamento.
Além do pedido de aprovação desses processos, as entidades ligadas à Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) pedem punição dos responsáveis pelas mortes e mais segurança nas aldeias. A última morte ocorrida foi a de Ortiz Lopes, de 46 anos, líder indígena kaiowá-guarani, no dia 8 de julho.
Junto a outras cinco pessoas, Ortiz liderava 70 famílias que reivindicam terras da região de Coronel Sapucaia. Uma instalação com 21 cruzes e bandeira com a imagem da liderança foi preparada para o protesto.
Entre as participantes da manifestação, estava a professora Marluce Pereira Lopes, esposa de Ortiz. Emocionada, ela confessou que ainda não sabe como retomar a vida após a partida repentina do marido, com quem foi casada por oito anos e teve duas filhas, hoje com 4 e 6 anos.
“Assim como Ortiz vinha sendo ameaçado de morte, eu também já fui alertado. Foi a segunda vez que perdemos um companheiro por causa da luta pela terra, só neste ano”, denuncia Elizeu Lopes, da terra indígena Tekoha Kurusu Amba. “Pedimos às autoridades que tomem providências.”
Os índios pedem que a Polícia Federal também investigue as mortes ocorridas. A implantação de usinas de álcool é vista como um agravante para a luta dos índios, já que a tendência é de que mais áreas sejam ocupadas para o plantio da cana-de-açúcar.
Da Redação, com Campo Grande News