Para Paulo Markun, projeto de TV pública é positivo
Novo presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), entidade que depende de verbas do governo do estado de São Paulo, o jornalista Paulo Markun defendeu nesta quinta-feira (21) a TV Brasil, como vem sendo chamado o projeto de criação d
Publicado 22/06/2007 11:33
“Se o que está sendo dito for cumprido, [a TV Brasil] vai ser uma boa [TV pública]”, avaliou Markun em entrevista à Folha de S.Paulo. O jornalista, que tomou posse há uma semana, afirmou que a TV federal não será concorrente da Cultura. “Isso tudo é campo público. Não é concorrência. Temos que jogar juntos.”
Markun já articula com Franklin Martins (secretário de Comunicação Social, responsável pela implantação da TV pública federal) uma parceria para a realização de uma minissérie de cinco capítulos que contaria a história da transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. O programa deverá custar R$ 6 milhões, um orçamento de superprodução, e envolver também a TVE do Rio, a TVE da Bahia, a RTP (rede pública portuguesa) e o Supremo Tribunal Federal (TV Justiça).
Um outra negociação visa o compartilhamento da torre da TV Cultura para as transmissões da TV Brasil em São Paulo.
Para Markun, a autonomia financeira é a principal característica de uma TV pública realmente independente. “A Cultura é a TV mais pública e a mais independente [de todas do país], mas está longe de ser o que deve”, afirmou. Ele defende um mecanismo legal que garanta às emissoras públicas uma verba permanente, para que elas não dependam dos “sabores dos governantes”.
Relação com José Serra
Markun confirma que foi convidado por João Sayad (secretário de Estado da Cultura) para se candidatar ao cargo de presidente da fundação (ele foi eleito por um conselho). Sayad, segundo ele, acenou com mais recursos estaduais para a TV.
Na próxima semana, o jornalista terá sua primeira audiência com o governador José Serra. Irá pedir de volta R$ 10 milhões que o governo deixou de investir na Cultura nos últimos anos, porque a emissora aumentou suas receitas com publicidade. A TV, que já teve R$ 94 milhões do estado, deve receber neste ano R$ 84 milhões.
Markun também pedirá a Serra R$ 13 milhões para digitalização. A Cultura precisa com alguma urgência de US$ 2 milhões (R$ 3,84 milhões), caso contrário não colocará seu sinal digital no ar em 2 de dezembro. Diferentemente das redes comerciais, que irão colocar no ar uma única programação digital, em alta definição, Markun pretende dividir a freqüência da Cultura em pelo menos quatro canais. Um será da TV Cultura. Um outro poderá ser usado para o ensino superior à distância.
Na programação, Markun pretende reduzir o número de telejornais e investir em um jornalismo mais analítico e menos competitivo com as redes comerciais. A produção de programação infantil aumentará, com desenhos animados e uma nova edição de “Vila Sésamo”. Estudam-se novos programas para o público jovem.
O jornalista está implantando um modelo de gestão “horizontal” (todos os diretores agora ocupam a mesma sala) e faz levantamento de custos e audiência de cada programa, bem como da ocupação dos funcionários. “A TV Cultura é obesa, não inchada. Dá para transformar gordura em músculo”, diz.
Fonte: Folha de S.Paulo