Renan está sendo vítima de disputa política, acreditam senadores
Os senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Wellignton Salgado (PMDB-MG) externaram nesta quarta-feira (20) a opinião de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sendo vítima de uma disputa política com duas motivações: enfraquecer o govern
Publicado 21/06/2007 00:11
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) quer comparecer ao Conselho de Ética na tarde desta quinta-feira (21) para prestar aos membros do colegiado os “esclarecimentos necessários”. O presidente do Senado transmitiu o recado ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado.
Jucá observou que é fundamental que o presidente do Conselho de Ética defina uma pauta clara de investigação. Ele disse ao sair da reunião do Conselho de Ética que não existem motivos para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixar a Presidência do Senado.
Na avaliação de Jucá, tanto Renan quanto os outros 80 senadores “têm toda a vontade de que tudo seja devidamente esclarecido”. Jucá elogiou a disposição do presidente da Casa de comparecer ao conselho nos próximos dias para esclarecer dúvidas ainda pendentes.
Mas na avaliação de alguns aliados de Calheiros, nem todos os 80 senadores estão realmente interessados que “tudo seja resolvido”.
Salgado: “A luta é pela coroa”
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que deixou a relatoria do Caso Renan no Conselho de Éitica, argumentou que não quer ser peça na disputa, que já começou, pela vaga de Calheiros no Senado. Em entrevista ao blog do Noblat, ele afirmou que “o jogo é pela coroa” e que tem muita gente dentro do Senado querendo ser coroado com a presidência da Casa.
“Havia condições de brigarmos dentro do Conselho para arquivar logo o pedido de cassação de Renan. Mas há um jogo sujo por aí. É o jogo pela coroa”, comentou Salgado.
“Tem um monte de gente querendo. Pela coroa não tem isso não (de governo e oposição). Pela coroa fica-se fazendo grupos para se derrubar (o Renan). Tem muita gente nova que chegou aqui…”, afirmou o senador.
Ao reproduzir as declarações de Salgado, o jornalista Ricardo Noblat oferece detalhes desta disputa.
Segundo ele, um senador do PSDB procurou ontem José Agripino Maia (RN), líder do Democratas no Senado, e sondou-o sobre a possibilidade de disputar a presidência da Casa no caso de uma suposta renúncia de Calheiros. Agripino teria retrucado dizendo que é “o único de nós todos impedido de ser candidato”.
Agripino foi derrotado por Renan em fevereiro último quando disputou a presidência do Senado. Se for candidato à vaga dele, se dirá que contribuiu para desestabilizá-lo de olho na sucessão.
“Bem, se você não for candidato, o Tasso poderá ser. Ou o Arthur Virgílio”, avançou o senador do PSDB que não teve seu nome revelado.
Tasso Jereissati (CE) é o presidente do PSDB. Arthur, o líder do PSDB no Senado.
Inácio Arruda: batalha política
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) também enxerga uma disputa política por trás dos ataques ao presidente do Senado. Arruda, no entanto, acredita que “há uma batalha política de setores conservadores que não aceitam o fortalecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua base”.
Para o senador comunista, o Conselho de Ética não pode se render “à pressão enorme” de alguns setores, que teriam adotado uma posição de condenação a priori do senador Renan Calheiros. “Os senadores e os veículos [de comunicação] não são instrumentos da inocência. Há uma vontade de condenar a priori antes que se chegue a qualquer prova”, afirmou Arruda.
Renan: “renúncia está fora de cogitação”
Apesar da pressão que vem sofrendo por parte da mídia e de adversários políticos, Renan Calheiros disse hoje que não vai ouvir apelos pela renúncia ou o afastamento do cargo até que as investigações contra ele sejam concluídas. “Aqueles que estão pensando que, sem ter um fundamento, sem ter uma agressão, uma denúncia que não seja comprovada por documento, que eu vou deixar a presidência do Senado estão redondamente enganados”, disse. Renan afirmou que a palavra “renúncia” não existe em seu dicionário. “É um absurdo. Sou um homem de luta”, declarou ao chegar ao Congresso Nacional.
O presidente do Senado disse que expôs sua vida e apresentou todos os documentos necessários para mostrar veracidade das informações. “Se as transações concluíram que quem comprou o gado pagou ou não imposto, o problema não é meu. Paguei imposto sobre a maior alíquota. Minha vida está aberta. Falei a verdade”, ressaltou.
O presidente do Senado declarou ainda que vai conduzir normalmente os trabalhos no Senado. “Represento a Casa e não vou estar aquém da necessidade da dignidade que a Casa precisa”, afirmou. E acrescentou que colocará em votação, esta tarde, as Medidas Provisórias que trancam a pauta da casa.
Da redação,
com agências