Com 400 presentes, Cuca Gianfrancesco Guarnieri sai do papel
As principais entidades estudantis de São Paulo – UNE, Ubes, UEE-SP e Upes – se juntaram em parceria, no sábado (16), para lançar o aguardado Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) Gianfrancesco Guarnieri, na capital paulista. Cerca de 400 pes
Publicado 18/06/2007 20:36
O Cuca da UNE – ousado núcleo de produção artística – vai funcionar na tradicional endereço da sede das entidades, na Rua Vergueiro, 2.485. Ex-presidentes das UNE prestigiaram o evento: Orlando Silva (95/97) e Wadson Ribeiro (99/01), que hoje estão no Ministério do Esporte, passaram pela sede, assim como o deputado federal Aldo Rebelo (80/81). Quem também passou por lá foi o ex-diretor da UNE, Danilo Moreira, hoje secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude.
O Cuca do Rio de Janeiro trouxe uma van com 15 pessoas. O pessoal de Votuporanga, no interior de São Paulo – que recentemente fundou um núcleo Cuca – também foi à inauguração.
Com a casa lotada, no início da noite, esquetes teatrais dirigidas por Heron Coelho contaram um pouco da vida e obra de Guarnieri, destacando sua produção artística sempre ligada à trajetória política. A apresentação contou com a participação de Vânia Bastos, Nábia Vilella, José Eduardo Rennó, Adriana Moreira, Rodrigo Fabbro, Junior Pitta, Rafael Moreira, IVO 60, Cia. de Domínio Público, Grupo A.L.M.A., além da participação especial de Marília Medalha.
A viúva de Guarnieri, Vanya Sant'anna, e os familiares do ator foram homenageados com uma placa pelo presidente da UNE, Gustavo Petta, e pelo coordenador-geral do Cuca, Tiago Alves.
Visivelmente emocionada, Vanya disse que o momento era especial e toda aquela energia da juventude ali presente com certeza manteria a obra de Guarnieri mais viva do que nunca. Elogiou o espaço – que ela ainda não conhecia – e falou que a partir daquele dia o local seria a morada cultural e intelectual oficial do ator.
Por trás das obras
O presidente da UEE-SP, Augusto Chagas, numa referência ao sentido político e social que a obra de Guarnieri sempre carregou, fez questão de homenagear todos os trabalhadores envolvidos na obra. Ele entregou uma placa ao mestre de obras, “Seu Santos”, e ao engenheiro Barreto.
Para Barreto, coordenar a construção de um Centro Cultural para a UNE é contribuir para que a veia contestatória da juventude continue sempre ativa. “Foi um prazer e acho que este espaço servirá para os estudantes darem continuidade à luta que sempre fizeram em defesa do país”, disse.
O presidente da UNE e o coordenador-geral do Cuca também receberam homenagens pela contribuição que deram para a cultura universitária ao levarem adiante a idéia de erguer o espaço.
O Grupo Inimigos do Batente deu continuidade à festa com seu samba, que animou o pessoal até o comecinho da madrugada, quando a cuíca silenciou e o pandeiro parou. É que o Cuca, além de tudo, faz também a política da boa vizinhança. As atividades sempre vão ocorrer dentro dos horários da lei do silêncio, para que o sono dos moradores seja embalado pelo o que de melhor existe na atual produção cultural universitária.
Durante a festa da inauguração, a reportagem do EstudanteNet colheu alguns depoimentos sobre o novo centro cultural. Confira:
Vanya Sant'anna – Viúva de Gianfrancesco Guarnieri
“O fato de existir este centro cultural é maravilhoso, porque a UNE tem uma tradição histórica de luta a favor da cultural popular. Este lugar aqui chamado Gianfrancesco Guarnieri levou a mim e a família toda a nocaute. O espaço é excelente. Todo mundo está muito feliz e alegre, o que dá uma sinergia fantástica. Acho que será uma maravilha esta convivência, já falei que daqui para frente este espaço será a morada cultural e intelectual do Guarnieri. Tudo quanto é coisa que for relacionada a ele eu quero contar com apoio da UNE”
Flávio Guarnieri – Filho de Gianfrancesco Guarnieri
“A homenagem foi belíssima, emocionante. Meu pai sempre foi um estudante muito ativo, na luta para que a gente tivesse um mundo mais digno, um mundo melhor. Conquistamos muitas coisas, graças a pessoas como Guarnieri, mas ainda temos muito a conquistar. Quando entrei no centro hoje eu vi isso. Vi que existe pessoas que realmente ainda estão preocupadas com um mundo melhor para todos, como o Guarnieri sempre se preocupou. O povo brasileiro ainda não é um povo livre, um povo totalmente independente. Ainda termos muito a buscar nesta liberdade. Uma coisa que é extremamente bonita é olhar para o lado e saber que existem muitos jovens dispostos a continuar nesta luta. Essa é uma das grandes homenagens que ele recebe enquanto vivo, porque Guarnieri pra mim está vivo, continuará vivo sempre em nossos corações e nos de todos os brasileiros”
Orlando Silva – Ex-presidente da UNE e atual ministro do Esporte
“O centro cultural consolida o atual trabalho cultural da UNE. É importante destacar que a entidade tem uma história de participação e contribuição para a cultura nacional. Esse local aqui só vem mostrar que a UNE continua sintonizada com esta área e traz para o povo de São Paulo um espaço privilegiado para as manifestações artísticas da juventude. Com certeza será um lugar onde a criatividade e ousadia dos jovens estarão sempre presentes, mantendo viva a imagem do Gianfrancesco Guarnieri”
Cacau Guarnieri – Filho de Gianfrancesco Guarnieri
“Qualquer espaço que parta dos estudantes, que parta desta luta constante dos estudantes é sempre um espaço de resistência a mais na cidade. Se fosse uma homenagem para outra pessoa, e se meu estivesse vivo, com certeza ele estaria aqui presente. Não poderia ser outro lugar. Não são os empresários, não são os donos das coisas que estão homenageando o Gianfrancesco. São os estudantes de onde ele partiu. Ele partiu do movimento estudantil, da luta para o teatro. Acho que o importante mais do que nunca agora é seguir fazendo as coisas dessa forma, independente da mídia, das tendências que vem lá de cima. Cada vez que um estudante aqui fazer alguma peça, exibir um filme, fazer um show, vai ser um pouco do meu pai que estará presente e nós como filhos ficamos muito orgulhosos com isso”.
Danilo Moreira – Ex-diretor da UNE e atual secretário-adjunto da Secretária Nacional da Juventude
“Fazer um Cuca funcionar aqui na sede das entidades na verdade consolida definitivamente o compromisso da UNE, da Ubes e de todo o movimento estudantil com a cultura.. Sempre acompanhei de perto do trabalho cultural da UNE e era difícil você convencer a direção da entidade de que a cultura era uma coisa importante, um instrumento para a política e uma importância simbólica muito grande. É bom que isso seja jeito já baseado em uma de uma rede construída no país inteiro. O movimento estudantil abraçou e vez esta causa. O interessante agora é que não precisamos mais falar do passado, falar do CPC. Agora, falamos das Bienais e do trabalho real do Cuca que já tem uma história longa”
Gustavo Petta – Presidente da UNE
“O centro cultural foi construído para manter viva a obra de Gianfrancesco Guarnieri através das novas experimentações dos estudantes. A UNE sempre teve este caráter de incentivo à cultura, nunca esquecendo a sua importância na formação do povo brasileiro e na construção de uma identidade nacional. A partir de agora, aqui será a casa dos jovens artistas que tem comprometimento com tudo isso”
Ana Cristina Lemos – Atriz e ex-Coordenadora do Cuca
“Fico muito feliz e impressionada com a disposição do pessoal que abarcou o Cuca e construiu este Centro Cultural. Quando perdemos nossa sede, no bairro Barra Funda, há dois anos, o projeto aqui em São Paulo acabou se desarticulando. Sem um espaço físico, acaba acontecendo uma dispersão natural. Por isso a importância deste belo espaço para o fortalecimento da rede cultural da UNE. Agora, é começar a produzir e dar vida ao local.
Wadson Ribeiro – Ex-presidente da UNE e atual secretário-executivo do Ministério do Esporte
“Este espaço ajuda a consolidar um movimento iniciado já há algum tempo que sempre esteve muito presente na vida da UNE, que é o movimento cultural. È muito difícil ao criar um movimento cultural você ter um espaço que posso democratizar apresentações, espaço para intercâmbio, para troca de idéia, para promoção das coisas que são produzidas dentro da universidade… Então, acho que o espaço aqui hoje contribui neste sentido. Ele tem que ser um espaço do movimento estudantil. Para quem produz e não tem espaço dentro da indústria cultural, mas também para aqueles que tem espaço dentro do mercado e estão sintonizados com as idéias do Cuca. O que mantém vivo e faz com o Cuca se fortaleça e cresça é a dedicação de cada um que acredita na idéia. Espero que todos possam participar cada vez mais, porque esta é uma empreitada importante não apenas para o debate da cultura em nosso pais, da afirmação de valores, mas sobretudo está também ligada à construção do sonho de uma sociedade diferente”
Aldo Rebelo – Ex-presidente das UNE e hoje deputado federal
“A UNE sempre teve como ponto forte da sua atividade a cultura. Essa é a tradição da UNE. Tradição da cultura nacional com base nos valores da história, das tradições do nosso povo, do nosso país e com base também no caráter universal da luta pela liberdade. E acho que hoje é um momento importante da trajetória da UNE como uma entidade importante da vida não apenas dos estudantes da juventude, mas do povo brasileiro. A homenagem ao Gianfrancesco Guarnieri representa a opção da UNE pela cultura nacional, pela cultura popular, pela cultura da identidade do nosso povo que ele representa pela sua obra, pela sua trajetória de vida, pela sua opção não apenas como artistas, mas como intelectual militante. Pela vida que construiu a serviço de causas fundamentais para o Brasil, a causa da liberdade, a causa dos interesses do povo brasileiro”
Tiago Alves – Coordenador-geral do Cuca
“A figura do Gianfrancesco Guarnieri como ator militante sempre influenciou as nossas ações dentro do movimento estudantil cultural. O momento é de festa, mas também de muita responsabilidade. Carregamos o nome de um dos mais importantes a atores brasileiros das últimas décadas. Depois de um corre-corre conseguimos inaugurar o espaço em tempo. Daqui para frente, vamos nos organizar melhor, definir a nossa programação e tocar o centro cultural com a um incentivo e disposição muito maiores”