11º Parada Gay será contra racismo, machismo e homofobia
Uma das maiores manifestações que acontece anualmente no Brasil, a Parada do Orgulho Gay – que reúne movimentos sociais, lideranças políticas, artistas, gays, lésbicas, simpatizantes, bissexuais, travestis e transexuais – já está a todo vapor. Este
Publicado 22/05/2007 20:38
Caravanas
O Sindicato do Químicos de Americana e Região já está preparando a sua caravana a 11º Parada do Orgulho Gay da capital paulista. Segundo Valdelice, a Val, diretora do Sindicato em Piracicaba, já estão mobilizadas 150 pessoas (3 ônibus) para o dia 10 de junho, data programada para a realização da parada paulista.
“Já estão confirmados na nossa caravana representantes do ministério do trabalho, das secretarias municipais, lideranças de centros de referência de saúde, a turma do movimento GLBTT e até uma família inteira que embarcará com o sindicato para a 11º parada”, disse Val.
Além da caravana, o sindicato também produziu uma camiseta anti-racismo, homofobia e machismo de Piracicaba.
Mas será que a luta GLBTT tem a ver com movimento sindical? Para Val, não há dúvidas, a relação é intima. “Neste sábado, às 19h30 a gente vai fazer um encontro com as pessoas já confirmadas para a caravana. Vamos discutir como estão as coisas no trabalho, na família, como está a nossa saúde e a importância política desta caravana para as nossas vidas. Muitos trabalhadores e trabalhadoras já ligaram aqui querendo saber como participar destas discussões no sindicato, porque o preconceito existe e é difícil enfrentar às dificuldades sozinho. O sindicato deve defender gente, e desde quando lésbica não é gente?”, declarou Val.
A militante sindical, membro da Corrente Sindical Classista (CSC), disse que vai levar a bandeira do PCdoB, seu partido, para a manifestação do dia 10. “Vou de vermelho com a bandeira do PCdoB porque a participação de partidos nas paradas é muito importante”, destacou.
Val se diz preocupada com o número de vagas que está disponível na caravana e o número de pessoas que desejam participar. “Tem gente querendo ir, mas não tem lugar para todo mundo. A gente vai fazer o que pode para garantir que ninguém fique para trás.”
Para saber mais sobre a caravana de Piracicaba batsa escrever para quimicosam@vivax.com.br / valdelice_souza@ig.com.br / (19) 34027022).
Histórico das paradas brasileiras
Os grupos de ativismo homossexual surgiram no Brasil no final dos anos 1970 e expandiram-se, prioritariamente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, durante o período de “abertura” política. Nesse primeiro momento, suas iniciativas eram fortemente marcadas por um caráter antiautoritário e comunitarista e pela relação com propostas de transformação para o conjunto da sociedade. Esse período inicial encerrou-se na primeira metade dos anos 80, coincidindo com a retomada do regime democrático e o surgimento da Aids, então chamada de “peste gay”. Entre meados e final dos anos 1980, o movimento sofreu uma dramática redução na quantidade de grupos. Em São Paulo, a Aids desarticulou uma parte da militância gay e deslocou uma outra parte para a construção da resposta coletiva à epidemia, de modo que apenas grupos lésbicos atravessaram os anos 1980.
Durante os anos 1990, uma série de fatores – como o formato de colaboração adotado entre Estado e sociedade civil na luta contra a Aids, a visibilidade que a própria epidemia trouxe ao tema das (homo)sexualidades e a expansão de um mercado segmentado voltado ao público GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) – colaboraram para o reflorescimento das iniciativas militantes. Houve um aumento do número de grupos e organizações e a expansão do movimento por todos os estados do país. Registra-se uma diversificação de formatos institucionais. As ONGs e o trabalho com projetos financiados coexistiram – e ainda coexistem – com outros formatos, como grupos comunitaristas, setoriais no interior de partidos, iniciativas religiosas e universitárias voltadas à questão da homossexualidade. As formas de atuação também se diversificaram e houve uma sensível ampliação da rede de relações sociais do movimento, que aumenta o contato com organizações internacionais.
Os anos 1990 assistiram também à reformulação do sujeito político desse movimento, que passou a designar separadamente gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais. A diversificação das identidades é um fenômeno que se intensifica na segunda metade dos anos 1990 e é acompanhado pela multiplicação de siglas. Acusado de produzir uma “sopa de letrinhas”, esse movimento é, sem dúvida, referência para pensar temas como diferença, desigualdade, diversidade, identidades. Em 1.997 é organizada em São Paulo a primeira parada, com a participação de 3 mil pessoas.
A partir de 2000 as paradas passaram a mobilizar milhões de pessoas no país, especialmente em São Paulo, sede das últimas maiores paradas do mundo. Em 2004, a parada de São Paulo teve um público de 1,8 milhão. Em 2005, 2,5 milhões de pessoas foram a Avenida Paulista contra a homofobia. O número repetiu-se em 2006. Para 2007 se espera pelo menos o mesmo público do ano passado.
As mobilizações contribuíram para um amplo debate do tema e garantiram em inúmeros países a conquista de mais direitos para o movimento GLBTT.
Clique aqui para ver o calendário nacional da 11º Parada do Orgulho Gay.